O cidadão e veterano do MPLA, Lopo do Nascimento, expressou, nesta segunda-feira, uma reflexão crítica sobre o atual estado do sistema eleitoral angolano, comparando-o com o processo exemplar das recentes eleições legislativas em Portugal. Em mensagem dirigida aos companheiros de partido, Lopo elogiou a clareza e eficiência demonstradas pelo sistema eleitoral português e lamentou os atrasos e fragilidades do processo em Angola.
Segundo Lopo do Nascimento, Portugal deu uma “verdadeira aula de transparência eleitoral”, com uma Comissão Nacional de Eleições (CNE) competente e comprometida com o país. “As urnas fecharam às 19h no continente e às 20h nas regiões autónomas. Em tempo real, os resultados foram sendo divulgados, e por volta das 23h já se conheciam os números nacionais, distritais e por freguesia”, destacou.
O veterano político também apontou a postura exemplar do Partido Socialista (PS), que, mesmo sendo o grande derrotado do pleito, reconheceu prontamente a derrota e viu seu secretário-geral apresentar a demissão, em respeito ao processo democrático.
Em contrapartida, Lopo criticou o estado atual da CNE em Angola, afirmando que, apesar dos mais de 30 anos de existência e dos investimentos públicos envolvidos, o país ainda discute o papel e a estrutura do órgão eleitoral. Para ele, “a organização, funcionamento e composição da CNE chega a ser mais problemática que tudo”.
O ex-secretário-geral do MPLA manifestou também preocupação com propostas legislativas que visam suprimir mecanismos fundamentais de transparência, como o apuramento municipal, as actas-síntese das assembleias de voto e até mesmo o cartão de eleitor. “É somente vontade de retroceder?”, questiona Lopo, citando ainda denúncias de que o Bilhete de Identidade está a ser vendido por valores exorbitantes, dificultando o acesso ao documento por parte de muitos cidadãos.
Sobre as eleições de 2027, alertou: “A marcha está em curso. Como principais interessados, no mínimo devemos estar atentos, para depois não dizermos que não sabíamos.”
Por fim, reafirmou sua fidelidade ao MPLA, mas criticou eventuais manobras eleitorais: “Acho que o meu MPLA, que jurei servir em 1975, não precisa destes artifícios e esquemas para voltar a ganhar eleições.”
Lopo do Nascimento