A província de Cabinda, em Angola, voltou a ser palco de tensões intensas após confrontos armados ocorridos no dia 15 de maio. Moradores das áreas mais afetadas relatam um agravamento significativo da situação humanitária, apontando para casos de tortura psicológica, intimidação por parte das forças armadas e restrições severas à mobilidade.
Conforme relatos de testemunhas locais, o governo angolano intensificou sua presença militar em várias regiões da província. A operação inclui a reativação de postos de controlo e a mobilização de tropas ao longo da estrada que liga Landana ao Alto Maiombe, especialmente nas proximidades da cidade de Tchiofa.
Entre as medidas impostas, destaca-se a obrigatoriedade de apresentação do Bilhete de Identidade (BI). Cidadãos sem o documento estariam a ser automaticamente rotulados como suspeitos de ligação com a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC). Há denúncias graves de que, nesses casos, estariam a ocorrer execuções sumárias, supostamente sob ordens superiores.
Várias localidades foram citadas como zonas críticas, com destaque para Ntangu Mbata e Mbamba Kimbuedi, onde moradores relatam ações violentas por parte de militares. Segundo eles, até os caminhos usados tradicionalmente para atividades agrícolas foram bloqueados, comprometendo o acesso a alimentos e a subsistência das comunidades.
“Estamos isolados, com medo e sem meios de sobrevivência. Precisamos de ajuda internacional para evitar uma tragédia humanitária”, disse um residente da região, em apelo direto a organizações de direitos humanos.
Até o momento, as autoridades angolanas não se pronunciaram oficialmente sobre as denúncias. A ausência de respostas tem aumentado a inquietação entre os habitantes, além de atrair atenção de entidades civis e observadores independentes.
O caso de Cabinda é mais um lembrete de que, em contextos de conflito, os civis são os que mais sofrem. E diante de denúncias tão sérias, a comunidade internacional é chamada a agir, seja com investigação, mediação ou apoio humanitário urgente.