A mina de Longonjo, localizada na província do Huambo, em Angola, está prestes a se tornar um dos principais pontos de referência no mercado global de terras raras. A empresa britânica Pensana acaba de aprovar os termos de financiamento para o início das operações no local, um marco importante que posiciona o país como um novo protagonista na cadeia de fornecimento de minerais estratégicos.
Segundo comunicado da empresa, o financiamento inicial no valor de 25 milhões de dólares será viabilizado pelo Fundo Soberano de Angola (FSDEA), e representa a primeira tranche do investimento necessário para arrancar com a fase principal da construção da mina.
O presidente da Pensana, Paul Atherley, destacou o potencial do projeto Longonjo como o maior e mais rico depósito ainda não desenvolvido de terras raras magnéticas do mundo. Além de representar uma nova fonte independente de um recurso altamente estratégico, a mina deve gerar centenas de empregos qualificados, impulsionar negócios locais e contribuir com receitas significativas para o Estado angolano.
“Com a infraestrutura e o acampamento já montados, este investimento vai permitir que iniciemos a construção principal do projeto”, afirmou Atherley, acrescentando que Angola passa, assim, a integrar a lista de fornecedores globais deste recurso crítico.
Com o início da produção previsto para 2027, a mina de Longonjo tem capacidade para atender 2,5% da demanda global por terras raras, de acordo com estimativas da Ozango Minerais, empresa que integra o consórcio do projeto, ao lado da Pensana, do FSDEA e de acionistas angolanos.
Em abril, durante uma visita de representantes diplomáticos dos Estados Unidos ao Corredor do Lobito, o presidente do Conselho de Administração da Ozango, Alcídio José, explicou que a importância estratégica das terras raras cresce com a aceleração da transição energética, principalmente pela sua aplicação na produção de ímãs permanentes, essenciais para veículos elétricos e outras tecnologias verdes.
Situada a cerca de 70 km do centro da cidade do Huambo, a mina beneficia-se da ligação ferroviária do Corredor do Lobito, o que facilita o escoamento do minério. A área de exploração abrange aproximadamente 200 hectares, com reservas expressivas já identificadas.
“Embora 2,5% possa parecer um número modesto, trata-se de uma fatia relevante quando consideramos que o mercado é dominado por poucos produtores. Ter uma fonte independente com essa capacidade, desde a fase inicial, é extremamente relevante”, destacou Alcídio José. Ele também lembrou que a concessão tem validade inicial de 35 anos, podendo ser prorrogada.Com o avanço deste projeto, Angola dá um passo estratégico em direção à diversificação econômica e à inserção no competitivo mercado global de minerais críticos. A mina de Longonjo promete não apenas fortalecer a posição do país como produtor, mas também atrair novos investimentos, impulsionar a inovação local e gerar um impacto positivo de longo prazo para a economia angolana.