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UE e EUA em rota de Negociação: O que está em jogo para o futuro econômico da Europa?

As discussões comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos prometem ser um dos temas mais estratégicos do segundo semestre de 2025. Embora as conversas ainda estejam em estágio inicial, analistas acreditam que elas ganhem tração no terceiro trimestre do ano, após a conclusão de acordos prioritários entre os EUA, México e Canadá, e passadas as eleições federais no Canadá.

Mas o caminho à frente não será simples. As negociações devem girar em torno de barreiras não tarifárias — áreas complexas ligadas à regulação interna da União Europeia, como a proteção de dados (o famoso RGPD), regras para mercados financeiros e a política agrícola comum.

A UE pode encontrar um ponto de alavancagem importante: os EUA exportam significativamente mais serviços para a Europa do que o inverso. Em 2023, esse comércio bilateral de serviços totalizou impressionantes 746 mil milhões de euros.

Para tornar a proposta ainda mais atraente, Bruxelas estuda a possibilidade de aumentar a importação de energia americana, em especial gás natural liquefeito (GNL). Isso beneficiaria ambos os lados: os EUA garantiriam um comprador confiável, enquanto a Europa fortaleceria sua segurança energética com o apoio de novas instalações de regaseificação já em construção na costa norte.

A economia europeia tem sentido os impactos da instabilidade global. O aumento de tarifas nos EUA gerou incertezas, afetando a confiança empresarial, os lucros e os níveis de investimento na zona euro. Para reverter esse cenário, espera-se que países como a Alemanha liderem com pacotes fiscais robustos, enquanto o Banco Central Europeu pode cortar ainda mais a taxa de depósito e até retomar políticas de flexibilização quantitativa.

Essas medidas podem, segundo especialistas, não apenas fortalecer a economia a curto prazo, mas também proteger o bloco de choques comerciais externos.

Curiosamente, o retorno de Donald Trump à cena internacional pode estar acelerando reformas há muito esperadas dentro da UE. A fragmentação regulatória entre os Estados-membros tem sido uma das principais barreiras à competitividade europeia, especialmente no setor de serviços, que responde por 65% da produção econômica do bloco.

Eliminar essas diferenças internas pode gerar um impacto semelhante ao de remover tarifas elevadas entre países do próprio continente. Segundo o FMI, as barreiras não tarifárias dentro da UE equivalem a tarifas de 44% sobre bens e 110% sobre serviços — um entrave considerável para o crescimento.

Nesse sentido, iniciativas como a União dos Mercados de Capitais — também conhecida como União da Poupança e do Investimento — ganham força. A ideia é canalizar poupança privada para investimentos em escala europeia, integrando melhor o setor financeiro dos membros do bloco.

Com os mercados ainda instáveis, os investidores têm buscado ativos considerados mais seguros. As obrigações soberanas alemãs (Bunds) aparecem como uma escolha preferencial, ao lado dos títulos da periferia europeia, especialmente os espanhóis, impulsionados pela estabilidade fiscal do país.

Além disso, ações defensivas de empresas de setores como telecomunicações e energia continuam atraindo atenção, oferecendo certa proteção contra as oscilações econômicas.

Mesmo com a expectativa de instabilidade no curto prazo, há otimismo no horizonte. Especialistas acreditam que as reformas estruturais em andamento, o fim gradual da crise energética e os incentivos fiscais possam colocar a Europa em um novo ciclo de crescimento.

Para quem pensa no longo prazo, o atual momento pode representar uma rara oportunidade de entrada. O relatório da BCA conclui que os próximos anos tendem a ser mais positivos para os ativos europeus em comparação com os americanos, especialmente com o aprofundamento das reformas e a melhoria do ambiente regulatório.