Em um caso que vem gerando grande repercussão em Luanda, uma cidadã chinesa, identificada como Saisai, de 32 anos e natural de Zhe Jiang, na China, acusou o salão de estética “Beauty Aesthetic” de ter injetado uma substância desconhecida em seu rosto sem seu consentimento, resultando em danos irreversíveis à sua saúde.
O incidente ocorreu em 2 de fevereiro de 2025, quando Saisai procurou o salão localizado na Avenida Fidel de Castro, em Luanda, para realizar um simples procedimento de limpeza facial. De acordo com a vítima, foi atendida por uma mulher de nacionalidade chinesa, Deng Yang, que se apresentou como proprietária do salão e disse ser responsável pelos serviços prestados ali.
Saisai relatou, em entrevista à imprensa no dia 7 de abril, que havia solicitado apenas uma limpeza facial e a aplicação de pomada para manter sua pele macia. Para sua surpresa, durante o atendimento, Deng Yang usou uma agulha para injetar um líquido desconhecido em seu rosto. Assustada com a situação, Saisai questionou a profissional sobre o procedimento, mas foi informada de que se tratava de um tratamento normal para manter a pele lisa, algo que ela não havia solicitado.
Após o procedimento, Saisai foi para casa, mas no dia seguinte acordou com o rosto inflamado, coceiras intensas e lesões cutâneas. Desesperada, a vítima procurou novamente o salão, mas, segundo ela, a proprietária minimizou a gravidade do problema e sugeriu que a única solução seria viajar para a China para um tratamento especializado.
Após ser encaminhada para a China, Saisai foi atendida por um médico indicado por Deng Yang. Exames laboratoriais revelaram que a substância injetada era a causa da infecção que se espalhou por todo o seu corpo, resultando em danos irreversíveis. A defesa de Saisai afirmou que o produto utilizado no procedimento estético tinha um componente químico extremamente forte, o que agravou a situação da vítima.
De volta a Angola, no início de março de 2025, a cidadã procurou novamente Deng Yang, que inicialmente se comprometeu a oferecer apoio, mas logo parou de atender suas chamadas. Sem respostas e com a condição de saúde se deteriorando, Saisai procurou as autoridades angolanas, registrando uma queixa formal no Comando Municipal de Viana da Polícia Nacional.
O caso tomou outro rumo quando, após ser convocada para uma acareação no final de março, Deng Yang foi notificada para comparecer a uma reunião em 23 de março, com a possibilidade de uma solução extrajudicial. No entanto, fontes revelaram que, no mesmo dia 20 de março, Deng Yang havia comprado passagens de volta para a China, aparentemente tentando fugir da responsabilidade legal. A tentativa de fuga foi frustrada pelas autoridades, e a acusada foi detida no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, com o Serviço de Investigação Criminal (SIC) impedindo sua saída do país.
Saisai, que afirma ter visto sua vida alterada irreparavelmente pelo ocorrido, espera que a justiça angolana responsabilize a proprietária do salão. Ela descreveu o impacto do ocorrido dizendo que a substância injetada “estragou a sua vida” e que, após mais de 50 dias, os efeitos continuam a piorar.
Este caso traz à tona questões sobre a regulamentação de salões de estética em Angola, principalmente no que diz respeito ao exercício ilegal da profissão e ao risco de procedimentos estéticos não autorizados. A comunidade aguarda ansiosamente o desenrolar das investigações e as possíveis consequências legais para a responsável pela prática ilegal.
A denúncia de Saisai serve como um alerta sobre os cuidados a serem tomados ao escolher onde realizar procedimentos estéticos, além de destacar a importância da regulamentação e fiscalização da profissão para evitar que incidentes semelhantes aconteçam no futuro.