UNITA Propõe Condecoração do Pai de João Lourenço e de Figuras Históricas da Luta Nacional

No contexto das celebrações do 50.º aniversário da Independência Nacional de Angola, a UNITA, o principal partido da oposição no país, fez uma proposta que visa homenagear várias personalidades que desempenharam papéis cruciais na história da nação. A lista apresentada inclui, entre outros, Cerqueira Lourenço, o pai do atual Presidente da República, João Lourenço, que é destacado por sua contribuição como enfermeiro e figura relevante no processo de construção do país.

A proposta foi divulgada pelo Secretariado do Comité Permanente da UNITA, que a tornou pública no dia em que o país comemorou o Dia da Paz e da Reconciliação Nacional. Segundo o partido, a iniciativa visa reconhecer os indivíduos que, ao longo da história, contribuíram de diversas maneiras para a luta pela independência, a construção da paz e a reconciliação nacional. A UNITA também aproveitou a ocasião para criticar a forma como o MPLA tem conduzido o processo de condecorações, alegando que ele é partidário e sectário.

A Lista de Propostas da UNITA

A lista apresentada pela UNITA é abrangente e organizada em categorias temáticas, refletindo a diversidade de personalidades que marcaram momentos-chave na história de Angola. Entre as categorias, destacam-se:

1. Acordos de Alvor: Nomes como Jorge Ornelas Sangumba, Wilson Fernandes dos Santos, Ruben Chitakumbi e John Marques Kakumba são destacados por suas contribuições ao processo de negociação que precedeu a independência de Angola.
2. Governo de Transição: Personalidades como António Sebastião Dembo, António Vakulukuta e João Vahekeny são sugeridas para reconhecimento, pelo seu papel no governo de transição para a independência.
3. Forças Armadas e Polícia de Transição: Waldemar Pires Chindondo, Sabino Sandele, Oseias Chingufu e Madaleno Tadeu estão entre os nomes propostos nesta categoria, pela sua atuação nas forças armadas e na polícia durante a transição.
4. Ex-presos Políticos: Esta categoria é uma das mais extensas e inclui figuras como Geremias Kussia, Pedro Chimbinda, Loth Chivava, Arão Kunga, Justino Pinto de Andrade, e, com destaque especial, Cerqueira Lourenço, pai do atual Presidente João Lourenço, que foi preso em campos como o São Nicolau, Monte Belo e Tarrafal.
5. Ilustres Nacionalistas: A UNITA também propôs o reconhecimento de figuras como César Kaliengue, Alexandre Magno, José João Liahuka, Reverendo Pedro Nhany e Limpião Bianco Chiuka, que desempenharam papéis importantes no movimento nacionalista.
6. Antigos Combatentes: Nomes como Solomon Njolomba, Isalina Kawuina, Vituzi Lumai, Catarina Ululi, Salomé Epólua, Judith Chinakusoki Pena, César Sakalesso Evambi “Muzuri” e muitos outros foram sugeridos para reconhecimento, em virtude de suas contribuições durante o período de luta pela independência.
7. Paz, Democracia e Reconciliação Nacional: Na busca por unir o país, figuras como Jeremias Kalandula Chitunda, Adolosi Mango Alicerces, Eugénio Manuvakola, Lukamba Paulo Gato, e outros são propostos para condecoração por sua contribuição para a paz e a reconciliação nacional.

Com esta proposta, a UNITA pretende ir além da visão partidária do MPLA, buscando uma abordagem mais inclusiva e justa, onde o mérito histórico de todos os angolanos seja reconhecido, independentemente da sua afiliação política. O partido defende que a história de Angola não deve ser vista de forma sectária, e que todos aqueles que contribuíram para a luta pela independência, pela paz e pela reconciliação merecem ser lembrados e homenageados.

Essa proposta surge em um momento crítico, onde a UNITA expressa sua insatisfação com a gestão das condecorações por parte do MPLA, acusando o partido de ser tendencioso e de não reconhecer adequadamente o papel de todas as figuras históricas na construção do país. Além disso, a UNITA anunciou que não participará dos atos comemorativos oficiais do 50.º aniversário da independência, como uma forma de protesto contra a forma como o processo tem sido conduzido.

A UNITA, com esta ação, reafirma seu compromisso com a justiça histórica e o reconhecimento de todos os angolanos que, com coragem e dedicação, ajudaram a construir o país que é hoje.