Na abertura da primeira plenária anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), realizada em Luanda, Dom Manuel Imbamba, presidente da instituição, fez duras críticas à classe política angolana. O líder católico condenou a persistência de discursos que, segundo ele, promovem o ódio, a divisão e a exclusão, ao invés de inspirar e motivar a nação rumo ao progresso.
Dom Imbamba alertou para a necessidade de reinventar a política, defendendo que esta deve estar sempre voltada para o bem comum e para a felicidade dos cidadãos. Ele lamentou que, enquanto os políticos continuarem presos ao passado e alimentarem a polarização, Angola permanecerá estagnada em suas crises sociais, econômicas e culturais.
Além disso, o prelado denunciou o crescimento das desigualdades econômicas, destacando a discrepância entre os poucos que se tornam cada vez mais ricos e a maioria que enfrenta dificuldades crescentes. Ele também criticou os escândalos financeiros que assolam as instituições públicas, apontando para uma crise de ética e patriotismo no país.
As declarações do presidente da CEAST geraram opiniões divergentes. O jurista Simão Gomes endossou as críticas da Igreja, afirmando que os políticos angolanos ignoram as dificuldades enfrentadas pela população. Ele ressaltou que a corrupção e os desvios financeiros contribuem diretamente para o aumento da pobreza no país.
Por outro lado, o também jurista e comentarista Mabanza Kambaca discordou da abordagem da CEAST. Segundo ele, a Igreja deveria focar apenas em questões religiosas, ao invés de criticar os discursos políticos. Kambaca argumentou que o Estado tem feito esforços no combate à pobreza e à corrupção, enquanto a Igreja também deveria assumir sua parte na construção de uma sociedade mais justa.
A plenária da CEAST segue até o dia 28 de fevereiro, abordando temas como a proteção de menores e de pessoas vulneráveis. Em meio às polêmicas e reações diversas, a posição da Igreja reforça a necessidade de um debate profundo sobre o papel da política e da ética na construção de um futuro mais justo para Angola.
A fala de Dom Imbamba serve como um alerta para a sociedade e para os líderes políticos: sem união e compromisso real com o bem comum, o país continuará enfrentando desafios estruturais que impedem seu verdadeiro desenvolvimento.