O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs uma ideia controversa de assumir o controlo da Faixa de Gaza e transferir 1,8 milhões de palestinianos para transformar o território num próspero centro turístico, apelidado por ele de “Riviera do Médio Oriente”. No entanto, a proposta foi prontamente rejeitada por várias nações europeias, que reforçaram seu apoio à solução de dois Estados, defendendo a criação de um Estado palestiniano independente ao lado de Israel.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, foi enfática ao criticar a proposta, afirmando que qualquer tentativa de expulsar a população palestiniana de Gaza seria “inaceitável” e violaria o direito internacional. Ela destacou que tal ação resultaria em mais sofrimento e ódio, contrariando os princípios fundamentais de direitos humanos. A posição de Baerbock foi complementada por outros líderes europeus, que alertaram que a proposta de Trump representaria um obstáculo significativo para a paz na região.
A França, representada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, também se opôs veementemente ao plano, considerando a transferência forçada dos palestinianos como uma grave violação dos direitos humanos e uma ameaça à solução de dois Estados. Para Paris, o futuro de Gaza deve estar vinculado à criação de um Estado palestiniano soberano, com a supervisão da Autoridade Palestiniana.
Na Espanha, o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, reforçou a ideia de que Gaza pertence aos palestinianos e que qualquer proposta que vise alterar essa realidade é inaceitável. A Irlanda, por sua vez, reiterou a necessidade de uma solução de dois Estados e pediu mais clareza sobre as intenções de Washington.
O Reino Unido, por meio de seu primeiro-ministro Keir Starmer, expressou sérias preocupações com a proposta de Trump. Starmer destacou a importância de permitir que os habitantes de Gaza retornem às suas casas e reconstruam sua terra, além de enfatizar a necessidade de uma solução pacífica e duradoura para o conflito israelense-palestiniano.
Em termos de apoio regional, a Jordânia e o Egito se opuseram diretamente à ideia de Trump. O rei Abdullah da Jordânia rejeitou qualquer tentativa de anexação de terras palestinianas ou de deslocamento de seus habitantes, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito, Badr Abdelatty, defendeu a reconstrução de Gaza sem forçar a realocação da população.
O plano de Trump também encontrou eco entre grupos de extrema-direita, como o líder do Partido da Liberdade dos Países Baixos, Geert Wilders, que apoiou a ideia de transferir palestinianos para a Jordânia. Contudo, o governo holandês rapidamente desassociou-se dessa posição, reafirmando seu compromisso com a solução de dois Estados.
Esta proposta de Trump não é um caso isolado, já que ele enfrentou críticas semelhantes no passado, como quando tentou comprar a Groenlândia, uma tentativa igualmente rejeitada pela Dinamarca. A agenda expansionista de Trump, tanto no Oriente Médio quanto em outras regiões, continua a ser alvo de rejeição no cenário internacional.
Com o forte apoio da comunidade internacional à solução de dois Estados, qualquer plano que ignore a autodeterminação do povo palestiniano e busque imposições externas é amplamente considerado uma ameaça à paz e à estabilidade no Oriente Médio. O debate sobre Gaza segue, então, como um dos mais sensíveis da diplomacia internacional, com Europa e outros aliados internacionais mantendo sua postura de defesa dos direitos do povo palestiniano e da coexistência pacífica com Israel.