A crise política em Moçambique tem gerado crescentes tensões nas últimas semanas, com o país vivenciando uma onda de protestos em resposta às alegações de fraude eleitoral. O presidente do Parlamento Juvenil, David Fardo, se posicionou em defesa do diálogo como solução para a situação, mas não descartou a anulação das eleições caso os impasses não sejam resolvidos de forma justa.
Em entrevista à DW, David Fardo expressou a sua preocupação com o cenário atual e a importância de restaurar a confiança nas instituições políticas do país. “Aguardamos a marcação do próximo debate por parte dos quatro partidos concorrentes”, afirmou, ressaltando a necessidade de um diálogo aberto e inclusivo entre todas as partes envolvidas.
A crise ganhou novos contornos nesta quarta-feira (04.12), quando o candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou mais uma fase de protestos em todo o país. Mondlane apelou à paralisação do trânsito entre as 8h00 e as 16h00, durante sete dias consecutivos, como forma de pressionar por respostas sobre as alegações de fraude eleitoral. A medida visa chamar a atenção para a insatisfação crescente da população em relação ao processo eleitoral e a falta de transparência.
A revolta dos jovens moçambicanos, que se organizaram para apoiar os protestos, é um reflexo da frustração acumulada. Eles afirmam que não irão desistir até que “a verdade eleitoral seja reposta”, destacando a urgência de uma solução que restabeleça a justiça e a legitimidade do processo. Caso o Conselho Constitucional valide os resultados que favorecem o partido FRELIMO, a tendência é que os protestos se intensifiquem ainda mais, como alertado por David Fardo.
O ativista sugere que uma recontagem dos votos poderia ser uma solução para apaziguar os ânimos e garantir a transparência do processo eleitoral. “Se a recontagem não for uma opção consensual, a única alternativa seria anular o processo eleitoral”, afirmou, enfatizando que a legitimidade das eleições deve ser preservada para evitar que o país entre em uma crise política ainda mais profunda.
O cenário continua tenso e incerto, com a população de Moçambique aguardando respostas das autoridades competentes sobre os próximos passos. O apelo por diálogo e a defesa de uma solução pacífica são essenciais para evitar mais confrontos e restaurar a confiança nas instituições democráticas do país.