Lisboa – O primeiro-ministro Luís Montenegro reafirmou, esta segunda-feira, que o Governo assumirá as responsabilidades políticas decorrentes das falhas no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), relacionadas com a resposta a emergências médicas que resultaram em várias mortes. No entanto, Montenegro rejeita a ideia de que a assunção dessas responsabilidades implique automaticamente a demissão de membros do Governo.
Em declarações feitas durante uma conferência da CNN Portugal, o chefe do Executivo garantiu que, se houver responsabilidades políticas associadas aos alegados atrasos na resposta do INEM, estas serão assumidas, sem hesitação. “Nós não vamos fugir a essa responsabilidade. A começar pelo próprio primeiro-ministro”, disse, deixando claro que ele também se sente responsável pelas ações das entidades sob a tutela do Governo.
Apesar de garantir que as responsabilidades serão assumidas, o primeiro-ministro afirmou que não acredita que a solução para os problemas do INEM passe pela demissão de ministros. “Não é por se demitir pessoas que a responsabilidade política ficou cabalmente assumida e, no dia seguinte, parece que está tudo bem”, afirmou Montenegro, sugerindo que a simples troca de ministros não resolve questões mais profundas.
Ele questionou a eficácia de um possível ciclo de demissões, destacando que mesmo que, hipoteticamente, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, se demitisse, a situação permaneceria a mesma. “Então e o ministro seguinte vai-se demitir também, porque a situação é igual?”, disse, enfatizando que a responsabilidade política vai além da troca de cargos.
A polémica em torno da resposta de emergência médica ganhou destaque devido à morte de 11 pessoas no último mês, alegadamente devido a atrasos nos serviços do INEM durante a greve dos técnicos de emergência médica. A paralisação foi desencadeada por questões trabalhistas e não foi evitada pelo Ministério da Saúde, que não respondeu ao pré-aviso de greve emitido pelo sindicato dos técnicos.
O caso gerou críticas à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, cuja demissão foi exigida por vários setores da oposição. Contudo, a ministra tem contado com o apoio dos próprios técnicos do INEM, com quem abriu um diálogo para resolver a situação e pôr fim à greve.
Ao comentar o episódio, Luís Montenegro destacou que o Governo se compromete a assumir as responsabilidades políticas de qualquer falha que possa ter ocorrido no INEM. No entanto, ele frisou que a resolução dos problemas não deve depender de mudanças no Governo, mas sim de medidas concretas para melhorar os serviços prestados à população.
A postura do primeiro-ministro reflete uma abordagem mais pragmática, onde o foco está em resolver as questões estruturais e operacionais dentro das instituições, ao invés de se concentrar nas demissões como uma solução simbólica. A situação continua a gerar debates, com a oposição pressionando por mudanças, mas o Governo insiste que a verdadeira mudança virá por meio de ações concretas.