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Angola, RDC e Ruanda criam mecanismo de verificação para garantir cessar-fogo no Leste da RDC

Em um esforço contínuo para restaurar a paz no leste da República Democrática do Congo (RDC), os governos de Angola, RDC e Ruanda estabeleceram um mecanismo de monitoramento para supervisionar o cessar-fogo em vigor na região. Essa decisão foi o resultado de uma reunião mediada pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, entre os representantes diplomáticos do Ruanda e da RDC. O objetivo é reforçar o acompanhamento do acordo de cessar-fogo firmado entre Kinshasa e Kigali, permitindo que as tensões locais sejam controladas de forma mais eficiente.

O mecanismo, nomeado de Mecanismo Reforçado de Verificação Ad Hoc, será formado por uma equipe de militares de diferentes países: 18 oficiais de Angola, três da RDC e três do Ruanda. Essa força conjunta irá acompanhar e avaliar as operações conforme as diretrizes definidas pelo Relatório Técnico do Conceito Proposto de Operações (CONOPS), que detalha as ações práticas para manter o acordo de paz.

Olivier Nduhungirehe, chefe da diplomacia do Ruanda, expressou otimismo em relação ao novo mecanismo, afirmando que a medida deve contribuir para a implementação do cessar-fogo e para o restabelecimento da paz. “Acreditamos que este mecanismo vai ajudar a reforçar a verificação e garantir que a paz retorne ao leste da RDC, algo que todos desejamos”, declarou.

O leste da RDC tem enfrentado conflitos há anos, especialmente devido à atuação do grupo rebelde M23, que segundo autoridades congolesas, recebe apoio do Ruanda. Em agosto, o presidente angolano João Lourenço anunciou um cessar-fogo, mas, na prática, a situação continua instável, com o M23 ainda realizando ataques em diversas áreas.

A ministra das Relações Exteriores da RDC, Thérèse Kayikwamba Wagner, apontou para uma “contradição” entre o discurso pacífico do Ruanda e suas ações, mencionando a ocupação de cidades congolesas pelos rebeldes. O próximo encontro entre os três países está previsto para 16 de novembro, quando a composição e os detalhes do mecanismo de controle deverão ser formalizados.

O papel de Angola como mediadora tem sido crucial para manter as conversações em andamento. Em paralelo, a ONU, sob a liderança do Secretário-Geral António Guterres, tem apoiado os esforços de Angola para facilitar o diálogo e garantir uma solução pacífica para o conflito. Guterres se reuniu recentemente com o presidente João Lourenço, reforçando o apoio das Nações Unidas à mediação angolana.

Embora os desafios sejam grandes, a criação deste mecanismo representa um passo importante para que o cessar-fogo seja respeitado. Com a supervisão de uma equipe multinacional e o engajamento de Angola, RDC e Ruanda, há esperança de que os esforços tragam estabilidade ao leste congolês. O apoio internacional e os compromissos assumidos pelos líderes locais indicam que a paz ainda pode ser alcançada, mas demandará perseverança e cooperação contínua.