EU – Com as eleições presidenciais dos Estados Unidos se aproximando, a Europa observa atentamente o processo, torcendo para uma vitória de Kamala Harris, ao mesmo tempo em que muitos europeus receiam a possibilidade de um retorno de Donald Trump à Casa Branca. A influência dos EUA sobre o cenário global e sua importância para a segurança europeia faz com que essas eleições sejam de extrema relevância para o Velho Continente.
Muitos europeus têm preferência clara por Kamala Harris, a democrata que promete fortalecer a aliança com a Europa e enfrentar regimes autoritários. Em contraste, a postura de Donald Trump, que questiona a participação americana em alianças multilaterais, como a OTAN, e expressa afinidade com líderes autoritários, causa temor em muitos círculos políticos e diplomáticos europeus.
Uma pesquisa recente na Europa apontou Harris como a favorita entre a maioria dos entrevistados, mesmo entre setores mais conservadores. Contudo, há líderes, como Viktor Orbán, na Hungria, que declaram apoio a Trump, alimentando ainda mais a divisão dentro da União Europeia.
O cenário eleitoral nos EUA está acirrado, especialmente nos estados decisivos, conhecidos como “swing states”. A disputa entre Harris e Trump está apertada na Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e outros estados que podem definir o resultado final. Essa incerteza tem gerado grande ansiedade em Bruxelas, onde uma eventual vitória de Trump levanta questionamentos sobre o futuro das relações transatlânticas.
Desde o primeiro mandato de Trump, a União Europeia tem discutido a necessidade de uma “autonomia estratégica” para reduzir sua dependência dos EUA em áreas como segurança, economia e tecnologia. Lideranças, como Emmanuel Macron, têm impulsionado essa agenda, visando uma maior independência europeia em questões globais. No entanto, a dependência da Europa dos EUA, especialmente na defesa, ainda é significativa, como ficou evidente com o apoio americano à Ucrânia contra a invasão russa.
Para líderes europeus, como Ursula von der Leyen, que defende fortemente os laços entre a UE e os EUA, uma nova presidência de Trump poderia ser um desafio enorme. A Europa teme que, sob Trump, os EUA possam abandonar acordos internacionais, aplicar tarifas a produtos europeus e tomar decisões que afetem diretamente o equilíbrio geopolítico do continente.
Ao mesmo tempo, há um movimento crescente entre os europeus para fortalecer suas próprias capacidades e garantir uma posição mais independente no cenário global. Personalidades como Donald Tusk têm argumentado que a Europa precisa desenvolver mais autonomia e responsabilidade por seu futuro, independentemente de quem estiver na liderança dos EUA.
Com a proximidade das eleições, a Comissão Europeia formou um grupo de trabalho para se preparar para os possíveis cenários pós-eleitorais. Enquanto uma vitória de Harris traria certo alívio para a maioria das capitais europeias, um novo governo Trump exigiria uma adaptação urgente nas estratégias europeias. A Europa está, portanto, em alerta, esperando por um desfecho que pode influenciar diretamente o futuro de suas políticas internas e sua posição no cenário mundial.
Independentemente do resultado das eleições americanas, cresce entre os líderes europeus a convicção de que a Europa precisa reforçar sua autossuficiência e capacidade de resposta diante das mudanças globais. Seja qual for o próximo presidente dos Estados Unidos, a Europa reconhece a importância de fortalecer sua unidade e de se preparar para um cenário onde sua segurança e estabilidade possam depender, cada vez mais, de suas próprias decisões e ações.