Become a member

Get the best offers and updates relating to Liberty Case News.

― Advertisement ―

spot_img
HomeÁFRICAA história de Hussam Al-Attar: de jovem inventor em Gaza a vítima...

A história de Hussam Al-Attar: de jovem inventor em Gaza a vítima da crise humanitária

Há sete meses, um adolescente palestiniano chamado Hussam Al-Attar ganhou destaque na mídia por criar uma solução inovadora para iluminar o campo de refugiados onde vivia, na Faixa de Gaza. Ele aproveitou a força do vento para gerar eletricidade, proporcionando luz em um ambiente marcado pela escuridão e pelos constantes bombardeios. Hoje, a realidade de Hussam é bem diferente: ele se encontra sem abrigo e enfrenta a subnutrição, uma situação que afeta outras 50 mil crianças na região.

Hussam tinha apenas 15 anos quando, diante das dificuldades enfrentadas por sua família após fugir dos bombardeios em Gaza, decidiu agir para melhorar as condições de vida no campo de refugiados de Rafah. Ele conta que a ideia de usar o vento surgiu ao ver sua família sofrendo à noite, sem eletricidade.

“Passámos os primeiros 20 dias na escuridão. Era muito escuro à noite e eu tinha pena da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos”, relatou Hussam em entrevista.

Com criatividade e determinação, o jovem foi ao mercado de sucata, onde encontrou ventoinhas antigas. Tentativa após tentativa, conseguiu montar um pequeno sistema de energia eólica, capaz de gerar eletricidade suficiente para iluminar as tendas ao redor. Ele conectou fios às ventoinhas, acendendo lâmpadas que trouxeram luz e esperança para sua família e vizinhos.

Por sua engenhosidade, Hussam ficou conhecido como o “Newton de Gaza”, um reconhecimento à sua capacidade de inovar em meio à adversidade.

A história de Hussam comoveu pessoas ao redor do mundo, incluindo Margarida Cortes Rosa, uma espectadora da SIC. Impressionada com a capacidade do jovem e o potencial que ele demonstrava, Margarida buscou ajudá-lo a conseguir uma bolsa de estudos em uma universidade fora de Gaza. Ela entrou em contato com o jornalista que havia contado a história de Hussam e conseguiu falar com o irmão do jovem. No entanto, as oportunidades de bolsa já haviam se encerrado.

Apesar disso, Margarida continua empenhada em encontrar uma solução educacional que permita a Hussam desenvolver seu talento e seguir em frente com seus sonhos.

Infelizmente, os últimos sete meses não foram generosos para Hussam e sua família. A guerra em Gaza forçou-os a deixar a cidade de Rafah, e agora eles vivem como sem-abrigo nas praias de Khan Younis. Hussam é uma das milhares de crianças em Gaza que sofrem de subnutrição severa, e sua família depende inteiramente da ajuda humanitária para sobreviver.

“Tinha ambições e sonhos, iluminar todo o campo em que vivo. Mas, infelizmente, fomos deslocados da cidade de Rafah”, desabafa o jovem.

Ele e sua família vivem em condições extremamente precárias, e a comida que recebem consiste basicamente em enlatados. Mesmo diante desse cenário de desesperança, quando questionado pela SIC sobre o que diria às pessoas em Israel, Hussam faz um apelo pela paz:

“Desejo que vivamos todos em paz e não em guerra. Qual é a nossa culpa ou a culpa de outras crianças que acabam como nós?”.

A crise humanitária em Gaza se agrava a cada dia. Segundo a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA), a região está praticamente inabitável devido à escassez de recursos e às condições insalubres. Além disso, organizações não governamentais que atuam no território afirmam que Israel bloqueia mais de 80% da ajuda alimentar destinada à Faixa de Gaza, agravando ainda mais a situação.

Hussam, que um dia foi uma esperança de inovação em meio ao caos, agora luta pela sobrevivência, junto a milhares de outras crianças que enfrentam a fome e a falta de perspectiva em um território devastado pelo conflito.

A história de Hussam Al-Attar é um lembrete pungente da resiliência humana, mas também da dura realidade enfrentada por aqueles que vivem nas zonas de conflito. Ele sonhava em iluminar Gaza com sua invenção, mas hoje enfrenta a escuridão da crise humanitária.