Lisboa – Após dias de intensos incêndios que devastaram o país, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, finalmente quebrou o silêncio e se dirigiu à nação. A sua primeira declaração pública foi feita diretamente da sede da Proteção Civil, onde destacou que Portugal mobilizou o “maior dispositivo de combate a incêndios de sempre”. Segundo a ministra, a decisão de não se pronunciar antes foi uma escolha estratégica, explicando que há momentos adequados para agir e outros para falar.
Blasco justificou o silêncio dizendo que “as boas práticas” recomendam que não se façam intervenções desnecessárias, especialmente em momentos críticos. Agora, com a situação mais controlada, ela considera ser o momento certo para explicar o que foi feito e os desafios enfrentados.
A cronologia dos acontecimentos começou na quinta-feira, 12 de setembro, quando a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) alertou o Ministério da Administração Interna (MAI) sobre o agravamento do risco de incêndios rurais. Nos dias seguintes, o estado de alerta foi elevado progressivamente, e a mobilização de recursos atingiu níveis sem precedentes. No dia 16 de setembro, foi acionado o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, permitindo que aviões Canadair espanhóis reforçassem o combate às chamas.
Até o dia 19 de setembro, o país viu o apoio de vários países, incluindo Marrocos, França e Itália, que enviaram recursos aéreos. As operações no terreno envolveram 37.772 operacionais, 10.639 veículos e mais de 8.000 descargas aéreas em 827 missões. Durante esse período, ocorreram mais de 1.000 focos de incêndio, com uma área total de 94.146 hectares destruída pelo fogo.
Questionada sobre possíveis falhas no combate aos incêndios, Blasco evitou responder diretamente. A ministra afirmou que, após o controle completo da situação, será elaborado um relatório detalhado para avaliar o desempenho e identificar áreas de melhoria. Blasco enfatizou que este não é o momento para conclusões precipitadas, uma vez que os incêndios ainda não estão totalmente extintos.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, tem um encontro agendado para o dia 23 de setembro com autoridades judiciais e de segurança, incluindo a Procuradora-Geral da República, as ministras da Justiça e da Administração Interna, e altos representantes da Polícia Judiciária, GNR e PSP. O foco será investigar as causas dos incêndios, com a suspeita de que muitos tenham origem criminosa.
A resposta às chamas que devastaram as regiões Norte e Centro de Portugal foi a maior já registrada no país, com uma mobilização sem precedentes de operacionais e recursos. A ministra Blasco reforçou que o governo está comprometido em garantir que todos os aspectos deste desastre sejam investigados e que quaisquer falhas sejam corrigidas.
A declaração da ministra foi uma oportunidade para o governo detalhar as medidas tomadas e reafirmar o seu compromisso com a segurança do território e a prevenção de novos incêndios. O país permanece em estado de alerta, enquanto as autoridades continuam a monitorar a situação e a trabalhar na recuperação das áreas afetadas.