Em uma manhã de maio, o sol nascente sobre Luanda não conseguiu dissipar a sombra do luto que pairava sobre Angola. O 27 de maio de 1977 ficou gravado na memória coletiva como um dos dias mais sombrios da história do país. Sob a liderança do então presidente Agostinho Neto, uma repressão brutal foi desencadeada, marcada por acusações de golpe de estado contra Nito Alves, uma figura que ganhava crescente popularidade entre o povo angolano.
By: Poeta Ukwanana
Nito Alves, com seu carisma e suas promessas de reformas, representava uma esperança para muitos. No entanto, essa ascensão trouxe consigo o medo e a desconfiança dos líderes do MPLA, que viam nele uma ameaça ao seu poder. As acusações de traição e conspiração culminaram em uma onda de violência que ceifou milhares de vidas, mergulhando o país em um abismo de dor e desespero.
Os relatos daquele dia são aterradores. As execuções sumárias, as prisões arbitrárias e as torturas sistemáticas criaram um cenário de terror e impunidade. Famílias inteiras foram destruídas, e a ferida aberta pela repressão sangra até hoje. Cada 27 de maio é um lembrete doloroso de que a história não pode ser esquecida, e que as cicatrizes da injustiça perduram por gerações.
Os angolanos, com o coração pesado e a alma ferida, relembram os seus entes queridos perdidos. É um luto que transcende o tempo, um sentimento compartilhado por aqueles que vivenciaram a tragédia e por aqueles que cresceram ouvindo os ecos desse passado sombrio. As histórias dos desaparecidos, dos que resistiram e dos que sofreram em silêncio são passadas de geração em geração, mantendo viva a memória de um período que jamais deve ser repetido.
Hoje, mais do que nunca, é fundamental que a nação se una em memória das vítimas e na busca por justiça. A reconciliação só será possível através do reconhecimento dos erros do passado e do compromisso com um futuro onde a dignidade humana seja respeitada.
O luto dos angolanos não é apenas uma lembrança dos que se foram, mas também uma chama de esperança. Uma esperança de que, ao relembrar os horrores do passado, o país possa trilhar um caminho de paz e justiça. E enquanto o sol continuar a nascer sobre Luanda, o compromisso com a memória e a verdade será a luz que guiará Angola para dias melhores.
In crónica del Ukwanana
O porta voz de quem não tem voz.