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Médio Oriente: Bombardeamentos intensificam-se em Rafah

Tensões atingem o pico enquanto Israel intensifica os bombardeamentos. A escalada da violência preocupa a comunidade internacional, que alerta sobre os riscos catastróficos para as crianças na região.

DW

Nos últimos dias, a cidade de Rafah, localizada na Faixa de Gaza, tem sido alvo de uma série de bombardeamentos intensificados, representando uma escalada significativa na violência em uma região já instável. Os relatórios da Defesa Civil Palestina indicam que os ataques aéreos e de artilharia por parte de Israel têm se concentrado especialmente nos densamente povoados bairros de Al-Shuka e Al-Salam, levantando preocupações crescentes sobre o aumento de baixas civis e danos à infraestrutura.

A defesa civil palestiniana de Gaza denunciou hoje (06.05) que o exército israelita intensificou os bombardeamentos em dois bairros de Rafah, horas depois de ter dito aos residentes para se retirarem.

Os bombardeamentos aéreos e de artilharia israelitas “estão em curso desde a noite passada e intensificaram-se a partir da manhã”, disse o porta-voz da defesa civil palestiniana, Ahmed Redwan, à agência francesa AFP.

Ordem de retirada de civis

Redwan disse que dois dos bairros visados, Al-Shuka e Al-Salam, estavam entre os que o exército israelita pediu aos residentes que se retirassem para uma “zona humanitária”.

Segundo Redwan, a intensificação dos bombardeamentos coincidiu com o facto de Israel ter anunciado aos habitantes de certos bairros do leste de Rafah que deviam abandonar o local devido a uma operação militar iminente.

As autoridades israelitas disseram que a operação envolveria cerca de 100 mil pessoas.

Gaza: Será possível evitar ataque de Israel a Rafah?

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, classificou hoje como inaceitável a ordem de Israel para a deslocação de civis em Rafah, na Faixa de Gaza, considerando que traz “mais guerra e fome”.

A condenação do Alto Representante para a Política Externa da UE surgiu através de uma mensagem divulgada na rede social X e após Telavive ter ordenado aos civis que estão em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza, para se deslocarem para “zonas humanitárias”.

Acusações e alertas

O movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza, imediatamente culpou Israel pelo aumento da violência, alegando que há planos para uma incursão em larga escala em Rafah. O Hamas denunciou as ordens de evacuação forçada emitidas pelas autoridades israelenses como uma ameaça direta à população civil. Essas ações provocaram uma onda de condenação internacional, com a União Europeia e a Presidência Palestina expressando forte desaprovação.

As autoridades da Faixa de Gaza controlada Hamas afirmaram hoje que a ordem de evacuação ordenada por Israel para os residentes dos bairros orientais de Rafah “confirma a intenção prévia sobre o lançamento de uma agressão”.

Hamas, na mesma mensagem, acusa o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de iniciar negociações “sem abandonar a ideia” de projetar uma ofensiva contra a cidade no sul do enclave

Enquanto isso, a ONU emitiu apelos urgentes a todas as partes envolvidas no conflito para que protejam os civis e busquem uma solução pacífica. Destacou-se a necessidade de reduzir a violência e garantir a segurança dos residentes de Rafah e áreas vizinhas. Há crescentes preocupações sobre os impactos humanitários dos bombardeamentos, especialmente em relação às crianças, cujas vidas e bem-estar estão em risco.

O porta-voz oficial da Presidência palestina, Nabil Abu Rudeineh, pediu nesta segunda-feira ao governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para agir “imediatamente” e evitar uma invasão terrestre em Rafah, sul de Gaza, após o Exército israelense ter ordenado hoje a evacuação de parte da sua ala oriental.

“Apelamos ao governo dos EUA para que aja imediatamente e evite o genocídio e a deslocação, e responsabilize Israel pelas graves violações do direito internacional antes que seja tarde demais”, disse Rudeineh, conforme noticiado hoje pela agência de notícias “Wafa”, ligada ao governo palestino.

Os Estados Unidos manifestaram relutância em relação ao plano israelita, considerando que não existia uma forma segura de levar a cabo esta campanha de retirada de civis, embora não tenham comentado este novo anúncio.

Apesar dos apelos internacionais, Israel continua a ameaçar realizar uma ofensiva em Rafah, onde se encontram milhares de pessoas que já tinham sido obrigadas a fugir do norte do território.

Acesso negado à ONU

O chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou ontem à noite que Israel lhe negou a entrada em Gaza duas vezes na semana passada, e que houve um aumento nos ataques a comboios humanitários e seus funcionários.

“Somente nas duas últimas semanas, registramos dez incidentes envolvendo disparos contra comboios, prisões de funcionários da ONU, incluindo assédio, despindo-os, ameaças com armas e longos atrasos em postos de controle que forçaram os comboios a se moverem durante a escuridão ou abortar sua missão”, escreveu Lazzarini em sua conta na rede social X (ex-Twitter).

“Esses incidentes ocorrem repetidamente em um momento em que estamos envolvidos em uma corrida contra o tempo para evitar a fome em Gaza”, acrescentando que eles também geram “medo” entre as equipes de ajuda humanitária.

Mediação e resistência

Enquanto a violência continua a aumentar, o Egito intensificou seus esforços de mediação para conter a crise, buscando um cessar-fogo entre as partes em conflito. Apesar disso, o Hamas continua a rejeitar as propostas de negociação de Israel, prometendo resistir às incursões militares e defender os interesses palestinos. Por sua vez, o exército israelense justifica suas operações como uma resposta necessária à ameaça representada pelos grupos militantes em Gaza, culpando o Hamas por obstaculizar os esforços de paz e segurança na região.

Uma fonte de “alto nível de segurança”, citada pela Al-Qahera News sob anonimato, garantiu que as negociações para tréguas, que começaram há dois dias no Cairo entre delegações do Hamas, Egito e Qatar, foram “interrompidas” devido à intensificação das tensões.

O conflito atual foi desencadeado por um ataque do Hamas em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos, com Israel a responder com uma ofensiva que provocou mais de 34.700 mortos, segundo balanços das duas partes.

O Hamas controla o pequeno enclave palestiniano com 2,4 milhões de habitantes desde 2007.