Especialistas do Instituto para Economia e Paz (IEP) recomendam que os 27 países em risco alto de conflitos, do qual figura Angola, devem usar os dados disponibilizados para “antecipar e preparar-se para possíveis aumentos da violência no futuro.” Sugerem ainda o cumprimento dos pilares de governança ambiental, social e corporativa (ESG).

Angola caiu seis lugares no índice Positivo de Paz (GPI), elaborado pelo Instituto para Economia e Paz (IEP), que mede o nível de resiliência de 163 países. A análise cobre 99,7% da população mundial, com abordagem quantitativa para definir e medir factores que criam sociedades pacíficas.

O país recebeu uma pontuação de 3,771. No entanto, apesar de a pontuação melhorar ligeiramente face aos 3.749, do relatório anterior, a classificação do país piorou. Da posição 132ª, que ocupava em 2023, recuou para a 138ª em 2024, indicam os dados publicados recentemente pelo IEP.

Com uma medida invertida da paz, isto é, pontuações próximas de um indicam níveis mais baixos de violência e pontuações próximas a cinco mostram maiores níveis de violência.

Angola quebrou a ligeira ‘subida’, em termos de posição e pontuação, que vinha registando desde 2015 e que lhe permitiu sair de uma classificação de nível de paz “muito baixo” para o “médio”. Mesmo assim, apesar deste recuo, o nível de paz mantêm considerado “médio”.

Segundo o instituto sediado na Austrália, Angola consta do rol de 27 outros países que registaram o maior défice de paz positiva no periodo de 2009 a 2023, no qual integram aqueles que tiveram “crise de violência extrema” como, por exemplo, a Siria, Líbía, lémen, Timor-Leste, Egipto e Burkina Faso. Desta lista (anteriormente integrada por 30), saíram três paises, cujas condições de estabilidade mereceram melhorias: Gâmbia, Butão e Bangladesh. “Não é apenas a proporção de deteriorações que é maior entre os países deficitários. A extensão de deteriorações também é maior para países deficitários do que para qualquer outra categoria. Estes países sofreram ainda mais violência entre 2009 e 2023 e viram as suas pontuações de paz interna do GPI a deteriorarem-se em 11%”.

O conjunto de países que regista défice de paz positiva, no qual consta Angola, tem “maior probabilidade de experimentar níveis crescentes da violència na próxima década”. No caso do território angolano, um dos principais factores apontados é a ameaça a que o país está sujeito, fruto da instabilidade dos países vizinhos, sobretudo a da República Democrática do Congo. “Os países que se situam perto dos limites entre estabilidade e instabilidade são susceptíveis a pontos de inflexão onde pequenas perturbações podem levar a trajectórias de paz radicalmente diferentes”, alerta o instituto. Como recomendação, o GPI avisa que o défice de paz positiva “pode ser visto como uma ferramenta, que as partes interessadas e as agências supranacionais pode- riam usar para antecipar e preparar-se para possíveis aumentos da violência no futuro.” No continente africano, existem apenas cinco países tidos como muito estáveis, o Botsuana, com uma pontuação de 2,89, e Tunisia, Gana, África do Sul e Namíbia.

No compto geral, a pontuação global da paz positiva melhorou 1% na última década, com 108 países a melhorarem no indice e 55 com a situação da estabilidade em deterioração. O IEP refere que as mudanças na paz positiva tendem a ocorrer gradualmente e podem levar muitos anos para que os beneficios apareçam, porque o fortalecimento institucional e mudanças nas normas sociais são processos de longo prazo.

 

O país mais pacifico do mundo continua a ser a Finlândia, com uma pontuação de 1,438, seguido pela Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça e Irlanda. E o mais instável, com pontuação de 4,4, é o Sudão do Sul.

Desafio para cumprimento do ESG

A paz é fundamental para o cumprimento das boas práticas, por isso, num outro relatório sobre ‘Negocios e Paz 2024, o IEP refere que Angola é dos 20 países que registaram uma “melhoria substancial” nos pilares mais correlaccionados com governança ambiental, social e corporativa (ESG). Por outro lado, coloca o país entre os que têm de fazer mudanças de forma a proporcionar segurança aos investidores. “No outro extremo do espectro estão países como Venezuela, Camarões, Iraque, Congo Democrático, Nigéria, Etiópia, Paquistão, Angola, Moçambique e Costa do Marfim. Este grupo é o que mostra maior distância de atravessar pontuações ESG e PPI “para se tornar seguro e ético nos destinos para investimento”.