António Costa chegou ao hotel Altis e falou aos jornalistas à entrada. “Queria, em primeiro lugar, saudar as portuguesas e os portugueses pela forma notável como acorreram às urnas”, começou por destacar, referindo ainda que “tudo decorreu sem incidentes”.
“Os resultados quase finais são menos claros do que aquilo que eram as previsões iniciais. Não vi nos últimos minutos, mas a nível de mandatos há praticamente um empate entre o PS e a AD e em termos de votos há uma proximidade muito grande”, acentuou.
“A única certeza que podemos ter é que, tendo em conta o volume de votos que chegarão nos próximos dias dos círculos da emigração provavelmente não será hoje que teremos o resultado final destas eleições”.
“A não ser que nas votações que ainda não conhecemos das grandes freguesias urbanas de Lisboa e do Porto a margem se torne tal que seja superior àquilo que seja o número de votos que ainda vão ficar por apurar”, disse, apesar de insistir que “tudo indica neste momento que não é provável que se saiba hoje o resultado final”.
Costa salienta ato eleitoral em clima favorável ao populismo com dúvidas judiciais
“O Partido Socialista teve obviamente uma grande descida na sua votação, a soma dos votos do PSD com os do CDS nas eleições de há dois anos mais ou menos equivalem ao que a AD teve nestas eleições, e há indiscutivelmente uma subida fortíssima do Chega. É fundamental todos nós analisarmos esse resultado eleitoral”, acrescentou António Costa.
Quando à prestação do PS, Costa frisou que o partido já foi avaliado nos últimos anos.
O primeiro-ministro cessante apontou hoje que as eleições legislativas convocadas pelo Presidente da República realizaram-se após um período de elevada inflação e num clima de “sobressalto”, com dúvidas judiciais, favorável ao populismo político.
Esta posição sobre as eleições legislativas, em que se regista uma subida significativa do Chega, foi transmitida por António Costa à chegada ao hotel onde a direção do PS está a acompanhar a evolução dos resultados.
Interrogado sobre as causas da subida acentuada do Chega face às legislativas de 2022, o ex-líder socialista disse que se impõe “compreender o que esse crescimento do Chega tem de estrutural e de conjuntural”.
António Costa apontou então que estas eleições se realizaram num quadro conjuntural “absolutamente atípico”.
“Todos temos a noção que estas eleições ocorreram depois de dois anos de uma crise inflacionista como o país não via há 30 anos, que foi dura para as famílias e acompanhada por uma brutal subida das taxas de juro – e a nossa capacidade de resposta manifestamente não foi suficiente. Criou um mau estar geral”, assumiu.
Depois, referiu-se às prováveis causas conjunturais do voto no Chega.
“Estas eleições ocorreram num clima de sobressalto, de dúvidas judiciais por esclarecer, o que cria um caldo de cultura próprio para o populismo. Os próximos tempos, com serenidade e com tempo, permitirão apurar aquilo que a subida do Chega tem de voto estrutural – e representa uma mudança de fundo na sociedade portuguesa – e o que tem de voto de protesto perante uma conjuntura que desejamos que rapidamente se esclareça”, afirmou.
Questionado se espera que as dúvidas sobre a sua ação no âmbito da “Operação Influencer” se esclareçam ainda a tempo de se candidatar nas eleições europeias, António Costa disse que ninguém da justiça ainda falou consigo e que, pela sua parte, não fala da justiça a partir da comunicação social.