Relatório do Bruegel indica que entrada da Ucrânia pode “beneficiar PIB da UE através do comércio, migrações e investimento estrangeiro direito, aumentando o emprego, produção e receitas de impostos”.
Areconstrução da Ucrânia depois da guerra vai coincidir com as principais etapas do processo de adesão à União Europeia e aintegração vai beneficiar o Produto Interno Bruto do bloco com investimento estrangeiro direto.
Esta é uma das conclusões do relatório divulgado esta quinta-feira pelo grupo de reflexão Bruegel, com sede em Bruxelas e que desde 2005 tem como objetivo discutir a direção político-económica da União Europeia (UE).
De acordo com o grupo de reflexão (think tank), a adesão concreta da Ucrânia à UE está intrinsecamente condicionada pelo fim da invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.
O grupo de reflexão menciona ainda que quando esse dia chegar há outros desafios: a reconstrução do país, as alterações político-sociais decorrentes do final do conflito, e as transições democráticas, energéticas e securitárias que o bloco comunitário exigiu à Ucrânia.
“É provável que o processo de alargamento coincida com a reconstrução pós-guerra, aumentando a influência da UE no desenvolvimento das instituições da Ucrânia”, aponta o think tank.
“Os líderes ucranianos terão fortes incentivos para cumprirem com os critérios de adesão”, que a UE tem de utilizar “com astúcia” para criar instituições públicas e uma economia “mais funcionais”, reduzindo em particular as oportunidades para a corrupção se instalar na Ucrânia reconstruída e ‘renascida’ de um conflito que a assola há mais de dois anos, segundo o mesmo relatório.
Em paralelo, a Comissão Europeia tem de apresentar instrumentos para assegurar que os critérios de adesão continuam a ser cumpridos depois de finalizado o processo de integração da Ucrânia. “Esta é a maneira mais eficaz de garantir que continua a ser positivo o alargamento da UE”, sublinha o documento.
Em simultâneo com aquela que é a opinião de vários líderes europeus, nomeadamente o primeiro-ministro demissionário português, António Costa, o grupo de reflexão Bruegel insiste que as regras orçamentais atuais da UE são incomportáveis com o alargamento, por exemplo, à Ucrânia.
Com as devidas reformas, defende o think tank, aUcrânia pode “beneficiar o Produto Interno Bruto (PIB) da UE através do comércio, migrações e investimento estrangeiro direito, aumentando o emprego, produção e receitas provenientes de impostos”.
Mas o grupo de reflexão aponta um desafio considerável no pós-guerra e a caminho da integração europeia da Ucrânia: “A UE tem de desenvolver programas de assistência para ajudar a Ucrânia a gerir os desafios de segurança pós-conflito e encorajar os refugiados ucranianos a regressarem ao país assim que possível, já que serão necessários para a reconstrução”.
A reconstrução pressupõe o relançamento da economia ucraniana e respetivos serviços estatais que estão hoje comprometidos pela invasão russa, segundo relembra o ‘think tank’.
O avanço com as negociações formais beneficiaria o processo como um todo a longo prazo, acrescenta o grupo de reflexão, já que, segundo defende, iria mostrar à população ucraniana que há “benefícios tangíveis” de pertencer à UE e corresponder aos seus padrões, “acrescentando, em simultâneo, a Ucrânia a áreas como a cooperação energética e descarbonização”.
A Ucrânia tem estatuto de país candidato à UE desde meados de 2022.
Em meados de dezembro passado, o Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia e a Moldova.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito – que entrou no terceiro ano – provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.