Sete dias depois de ter sucumbido, em consequências das agressões físicas que sofreu, no dia 27, por ter sido apontado como marginal, a família do jovem músico gospel Caleb Nzinga, 24 anos, está a aguardar pela detenção dos seus algozes para posteriormente realizar o funeral Emanuel Augusto, primo do falecido, disse ao jornal OPAÍS que até ao momento o corpo continua numa das gavetas da morgue central e que só vai ser sepultado, num dos cemitérios de Luanda, assim que “a justiça for feita”.
“Até que sejam presos e responsabilizados criminalmente a mãe da moça e todas as pessoas que lançaram pedras contra o nosso filho”, disse o primo, inconsolável.
Segundo o nosso interlocutor, a decisão foi tomada pela família do jovem que foi barbaramente espancado, nos arredores da sua casa, no bairro Fossuco, no município do Cazenga, por ter sido acusado de ser um suposto gatuno por uma adolescente de 17 anos, a quem o defunto se dirigiu para cobrar uma dívida contraída através da cedência de uma ficha de aposta desportiva (jogo Angofoot) Emanuel Augusto, que também é pastor de uma igreja, referiu que o malogrado nunca foi marginal nem esteve associado com as más companhias.
O porta-voz da Polícia Nacional, Nestor Goubel, garantiu que já de- tiveram, no último Sábado, dois cidadãos, designadamente a adolescente e um dos jovens que su- postamente participou na agressão.
O superintendente contou que, após a agressão, o jovem foi leva- do ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer dois dias depois, isto é, na Quinta- feira, 29. Ao jovem, cuja fúria dos seus algozes foi despertada através de um grito que o apontava como gatuno, foram arremessados diversos objectos contundentes como blocos, garrafas, pedras e paus.
Uma situação que foi presencia- da pela jovem, autora do grito, que se recusou a liquidar a dívida que contraiu. Os dados provisórios indicam que Caleb Nzinga, que trabalhava numa casa de apostas desportivas, conheceu a jovem (Solange) numa igreja e tornaram-se amigos.
Razão pela qual o técnico de apostas desportivas não se recusou em dar-lhe, a título de crédito, uma ficha. Nestor Goubel explicou que, como a acusada não tinha o valor disponível, no momento, pediu dinheiro emprestado ao jovem Caleb, com a promessa de fazer a devolução nos dias seguintes, o que não veio a se concretizar. “O músico insistiu junto da amiga que devolvesse o dinheiro para apresentar a conta certa à empresa.
Acabou por ir ao encontro de la, em sua casa, de modo a obter os valores, cuja quantia não foi revelada”, esclareceu. Assim sendo, pela resistência da jovem em devolver os valores, Caleb resolveu levar o seu telefone como garantia, para que a mesma no dia seguinte devolvesse o dinheiro emprestado. “Só que ela foi muito astuta, uma vez que quando o Caleb fez o gesto de receber o telefone, a moça gritou gatuno, gatuno”, detalhou.
O oficial superior da Polícia disse ainda que alguns jovens do bairro saíram de casa e começaram a agredir o falecido, de forma cruel até que perdeu os sentidos. Caleb Nzinga, diante da brutal agressão, disse que não era gatuno, mas os cidadãos, enfureci- dos, optaram por fazer justiça por mãos próprias, maltratando o jovem inocente. Nestor Goubel afirmou que a Polícia Nacional aconselha a população a não fazer justiça por mãos próprias. Mas encaminhar os casos às autoridades de direito.
C/O País