Os trabalhadores da Movicel Telecomunicações, segunda operadora privada de telefonia móvel em Angola, estão há quatro meses sem salários, sem qualquer explicação da direcção da empresa, e pretendem paralisar os trabalhos, caso a empresa não resolva a situação.
A direcção da Movicel nada diz a respeito deste atraso salarial, mas os funcionários asseguram que a empresa já perdeu mais de 80% da sua base de clientes e que tem já várias lojas encerradas no País. Sob anonimato, com medo de represálias, vários funcionários desta operadora de telefonia móvel, a segundo a operar em Angola, disseram que desde que entrou no mercado a quarta operadora de telefonia móvel, a Movicel perdeu a sua carteira de clientes por “má gestão da administração”.
“Estamos agora no quarto mês sem salários. A Movicel está em decadência absoluta por conta da má gestão da administração, que nada tem feito para assegurar a operadora”, contou um alto funcionário da empresa.
Dois quadros seniores da empresa disseram ao Novo Jornal que há interesse do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) de que a operadora vá à falência para continuarem com o monopólio das comunicações nas duas outras operadoras, que agora lideram o mercado. Os trabalhadores apontam do dedo ao actual conselho de administração da Movicel, que culpam “da triste situação que a empresa atravessa”.
“A Movicel está à beira da morte! Não sabemos como irá safar-se com essa direcção que praticamente abandonou o barco. Estamos entregues à nossa sorte, o que não é justo”, contou uma engenheira da empresa, assegurando que está frustrada com a actual situação da empresa.
Outros funcionários contaram que o conselho de administração os tem ameaçado de despedimento, quando falam em fazer greve para exigirem da empresa os pagamentos dos salários em atraso, daí culpabilizarem os responsáveis da empresa. “Infelizmente, estamos à beira do desemprego porque ninguém neste País consegue trabalhar sem salário no final do mês por mais de três meses”, afirmam.
“Vamos ficar sem os nossos os empregos porque a direcção dá mostra que está a falir a Movicel. É só olharmos para a estrutura onde há muitos responsáveis com problemas de má gestão na Angola-Telecom”, disse um técnico da loja do Chamavo, na Maianga. Entretanto, os trabalhadores dizem também que muitos postos de vendas da operadora, no País, assim como lojas, então a fechar as portas por falta de material para trabalhar.
Face a isso, explicam, “a Movicel tem agora muitas dívidas de arrendamentos de imóveis e com os fornecedores”. “Alertamos a quem de direito para travar o propósito de falência técnica da Movicel e a investigarem os seus gestores e as contas da empresa”, disse um alto funcionário. Sobre o assunto, o Novo Jornal tentou ouvir a direcção da Movicel, para esclarecimento, mas sem sucesso, pelo que continuará a tentar.