A família de Manuel dos Santos Barbosa, de 20 anos, teme pela integridade física do jovem, detido há mais de quatro meses na Cadeia de Caboxa, província do Bengo, sem qualquer acusação formal. Segundo os familiares, Manuel tem sido alvo de intimidações por parte de efectivos do Serviço Penitenciário, depois de ter denunciado a sua detenção alegadamente ilegal.
A preocupação surge na sequência de uma reportagem publicada pelo O Decreto, na qual a mãe do jovem, Maria Elsa Barbosa, denunciou publicamente que o filho permanece encarcerado sem avanços no processo. Após a divulgação, uma equipa do Ministério do Interior deslocou-se à prisão, onde, segundo a família, repreendeu Manuel e alertou que novas exposições mediáticas poderiam resultar em sanções mais severas.
A situação agravou-se quando agentes penitenciários teriam interpretado as críticas como uma ordem superior, intensificando as ameaças ao jovem recluso.
Manuel, estudante, foi detido a 29 de Julho de 2025, no Panguila, durante os tumultos relacionados com a paralisação dos taxistas, que afectou várias províncias. A família insiste que o jovem não participou em actos de desordem pública. “Ele estava apenas no lugar errado, no momento errado”, lamentou a mãe.
Sem informações claras sobre o processo, Maria Elsa afirma estar exausta com a falta de respostas das autoridades. “O advogado não diz nada, o juiz de garantia não diz nada. Corro todos os dias atrás do processo e ninguém me informa de nada”, desabafou. A mãe sublinha ainda que, enquanto outros detidos no mesmo contexto já foram libertados, o seu filho continua preso apesar de não ter antecedentes criminais.
Além do impacto emocional, a família destaca que a detenção prolongada está a comprometer o futuro académico do jovem, que não consegue frequentar as aulas desde o início do ano lectivo. “Ele é estudante e tenho feito muitos sacrifícios para garantir os seus estudos. Peço que ajudem a libertar o meu filho”, apelou.
Contactado, o porta-voz do Ministério do Interior, Wilson dos Santos, afirmou que seriam prestados esclarecimentos, mas até ao fecho desta edição não houve qualquer resposta adicional.
