Luanda — A realização da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia (UA–UE), que decorre esta segunda e terça-feira em Luanda, está a gerar expectativas entre analistas angolanos, que veem no encontro uma oportunidade para reforçar a cooperação e redefinir a estratégia europeia para África num contexto geopolítico marcado pela crescente influência da China e da Rússia no continente.
O evento, acolhido pela capital angolana, pretende revitalizar a parceria estratégica lançada em 2007 e dar novo impulso às relações entre os dois blocos, num momento em que a disputa por influência em África se intensifica.
Para o especialista em relações internacionais Adalberto Malú, embora a cimeira possa não produzir decisões imediatas, deverá abrir caminho para novos entendimentos entre África e Europa. O analista antecipa avanços em áreas como energia, transportes e digitalização, bem como uma reafirmação do compromisso europeu com a iniciativa Global Gateway, desta vez com maior atenção à execução prática e à autonomia africana.
Malú considera igualmente provável que o encontro inclua debates sobre governação, transparência e mecanismos para reduzir riscos de corrupção em projetos financiados por parceiros internacionais. Ainda assim, alerta que não se devem esperar soluções rápidas para desafios estruturais.
Também o académico Osvaldo Mboco entende que a União Europeia procura, através desta cimeira, recuperar espaço político e económico em África, sobretudo num período em que antigas potências europeias enfrentam perda de influência face ao avanço chinês e russo.
Segundo Mboco, o encontro representa uma tentativa de Bruxelas de reposicionar-se no continente, ao mesmo tempo em que África procura tirar proveito das parcerias externas para enfrentar os seus múltiplos desafios. O professor acredita que a reunião pode abrir um novo capítulo nas relações político-económicas com o espaço europeu, caso produza resultados concretos.
A cimeira UA–UE prossegue esta terça-feira, com expectativa de anúncios relacionados a novos investimentos e iniciativas conjuntas.

