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Caos “Made in Moscow”: Rússia usa desinformação para unir extremistas na Alemanha

Desinformação e sabotagem: os “agentes descartáveis”

by Marcelino Gimbi

Rússia tem intensificado as suas campanhas de desinformação e manipulação política na Alemanha, explorando tanto grupos de extrema-direita como de extrema-esquerda. O objetivo, segundo autoridades e especialistas, é espalhar caos, insegurança e desconfiança no seio da sociedade alemã — uma forma moderna de guerra híbrida.

De acordo com os serviços secretos alemães — BND, BKA, BfV e MAD —, Moscovo recorre a “agentes descartáveis”, cidadãos comuns recrutados nas redes sociais para realizar pequenos atos de sabotagem, como filmagens de infraestruturas militares, ataques incendiários ou grafitis políticos.

“A Rússia apoia todos os esforços extremistas na Alemanha e em toda a Europa, independentemente da ideologia”, explica Hans Jakob Schindler, diretor do Counter Extremism Project.

Esses agentes são frequentemente motivados por dinheiro ou por afinidades ideológicas, sendo atraídos por memes pró-Putin ou conteúdos antiocidentais. Segundo o analista austríaco Dietmar Pichler, Moscovo identifica pessoas já radicalizadas ou em situações de vulnerabilidade emocional e tenta transformá-las em instrumentos de propaganda.

O objetivo do Kremlin, afirmam os investigadores, não é apoiar uma corrente política específica, mas intensificar as divisões internas nos países europeus. “A Rússia não distingue entre esquerda e direita; interessa-lhe o grau de perturbação que pode causar”, explica Schindler.

O chefe do Gabinete para a Proteção da Constituição, Sinan Selen, reforça que a interferência russa atua sobretudo nas franjas políticas:

“Tanto pessoas da esquerda quanto da direita estão a tentar estabelecer contactos. A Rússia investe fortemente nas extremidades do espectro político.”

O investigador Johannes Kieß, especialista em extremismo de direita, revela que há afinidades ideológicas crescentes entre grupos alemães e a Rússia. Entre a Nova Direita, o antigo discurso racista deu lugar ao etnopluralismo, teoria segundo a qual cada “grupo étnico” deve preservar o seu próprio espaço e identidade cultural — uma ideia alinhada com a visão nacionalista russa.

Kieß destaca ainda o caso do partido Saxónia Livre, cujo presidente tem laços antigos com Moscovo. Embora não existam provas diretas de financiamento russo, há evidências de campanhas de influência desde 2015, especialmente durante a crise dos refugiados, quando contas falsas russas amplificaram sentimentos anti-imigração na Alemanha.

A guerra híbrida russa também opera na esquerda política, através de projetos mediáticos disfarçados de plataformas progressistas. Um exemplo é o portal “Redfish”, que se apresentava como meio de esquerda anticolonial, mas que investigações revelaram ser uma subsidiária da agência estatal russa Ruptly.

Após o encerramento do Redfish, surgiu o “Red”, um sucessor gerido pela empresa turca AFA Medya, cujo fundador foi sancionado pela União Europeia por ligações ao Kremlin. O site é acusado de instigar protestos pró-palestinianos e de difundir mensagens antiocidentais, embora negue qualquer ligação a Moscovo.

De acordo com Kieß, o antissemitismo continua a ser um traço comum entre grupos extremistas. Na extrema-esquerda, persiste a herança estalinista; na extrema-direita, o ódio a Israel e aos “globalistas” é reembalado em discurso populista.

“Tanto à direita quanto à esquerda, há uma narrativa centrada no ‘povo’ contra as ‘elites’. Essa visão populista contém elementos estruturais de antissemitismo e torna esses grupos altamente vulneráveis à propaganda russa”, afirma Kieß.

A estratégia russa, segundo especialistas, não visa apenas prejudicar a Ucrânia, mas desestabilizar o Ocidente através de pequenas ações coordenadas — de memes e sabotagens a campanhas de manipulação mediática.

O resultado é um ecossistema de extremismos convergentes, no qual neonazis, estalinistas e populistas se unem sob um mesmo denominador: a narrativa russa contra o Ocidente.

A Euronews promete novas revelações na quarta parte da série:
“O terror secreto de Putin na Alemanha.”

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