A República Democrática do Congo (RDC) apresentou ao Banco Mundial um pedido de financiamento no valor de 500 milhões de dólares destinado à execução da sua parte do Corredor do Lobito, projeto estratégico que liga Angola, RDC e Zâmbia. A iniciativa visa melhorar as infraestruturas de transporte e reforçar as exportações e a integração económica regional.
O pedido foi oficializado durante as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, num encontro entre o ministro congolês das Finanças, Doudou Fwamba, e a diretora-geral de Operações do Banco Mundial, Anna Bjerde. Segundo um comunicado do Ministério das Finanças da RDC, a responsável “aceitou analisar possíveis acordos de financiamento” para apoiar o desenvolvimento do projeto.
O Banco Mundial deverá integrar a proposta no quadro mais amplo da sua cooperação com a RDC, especialmente nas áreas de governação, infraestruturas e crescimento sustentável, conforme destacou a Agência Ecofin. Para as autoridades congolesas, o Corredor do Lobito é “vital” para diversificar as rotas de exportação e aumentar a competitividade dos produtores nacionais de cobre e cobalto, minerais essenciais para a transição energética global.
Durante a reunião, Fwamba e Bjerde abordaram também as reformas estruturais em curso no país, o apoio orçamental internacional e a situação de segurança no leste da RDC, onde persistem confrontos que afetam a estabilidade económica.
Dias antes, o governo congolês e o grupo rebelde Aliança do Rio Congo/Movimento 23 de Março (AFC/M23), que controla partes de Kivu Norte e Kivu Sul, assinaram em Doha, Qatar, um acordo que prevê a criação de um órgão conjunto de monitorização do cessar-fogo.
O mecanismo faz parte da Declaração de Princípios de Doha, rubricada em julho de 2025, e foi considerado pelo porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, um “avanço significativo” para restaurar a calma e “abordar as causas profundas do conflito”, desde que Kinshasa cumpra os seus compromissos.
O Qatar, os Estados Unidos da América e a União Africana participarão como observadores neste órgão de monitorização, com o objetivo de reforçar a transparência e apoiar os esforços de paz na região dos Grandes Lagos, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar.
Apesar das tensões persistentes no leste, o Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém uma perspetiva positiva para a economia da RDC, prevendo um crescimento de 5% em 2025, sustentado pelo dinamismo do setor mineiro, pela inflação controlada e pelo aumento das reservas cambiais.

