Durante a audiência desta segunda-feira, no âmbito do processo-crime que envolve os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, a defesa da empresa CIF Angola negou qualquer ligação direta ou indireta com a Sonangol, procurando afastar responsabilidades no alegado esquema que envolve figuras de alto perfil e empresas chinesas.
O advogado Meireles Sequesseque, que representa a CIF Angola, defendeu que a sua constituinte nunca celebrou acordos com a petrolífera estatal angolana, salientando que todos os contratos mencionados na acusação foram realizados com a CIF Hong Kong ou com a China Sonangol Internacional, e não com a empresa que opera em Angola.
Na audiência foi ouvido o cidadão chinês Chen Peng, representante das empresas Plansmart International Limited e Utter Right International Limited, acionistas da CIF Angola. Ambas as sociedades foram também arroladas no processo, mas a defesa insiste em que não há sobreposição entre a CIF Angola e outras entidades com nomes semelhantes.
“São empresas distintas, com acionistas diferentes”, sublinhou Sequesseque, acrescentando que a CIF Angola tem como sócias as referidas empresas internacionais e uma firma de direito angolano, a IF – Investimentos. Para o advogado, não há litígio, condenação ou processo judicial no estrangeiro que envolva a CIF Angola, pelo que esta não deve ser envolvida no caso.
O causídico criticou ainda a abordagem do Ministério Público e do Tribunal, acusando ambos de confundirem as quatro empresas envolvidas: CIF Angola, CIF Hong Kong, China Sonangol Internacional Limited e China Sonangol Holding. De acordo com ele, essas entidades devem ser analisadas separadamente, tendo em vista as suas estruturas jurídicas distintas.
A defesa também esclareceu que a CIF Hong Kong, oficialmente registada em Angola em 2008, serviu como ponto de articulação dos investimentos do empresário sino-britânico Sam Pa no país, tendo inclusive solicitado autorização para uso da marca CIF no território angolano. Essa decisão teria resultado na criação da CIF Angola, direcionada a executar projetos de investimento privado voltados à reconstrução nacional.
Segundo Meireles Sequesseque, os investimentos realizados envolveram a introdução de maquinaria e equipamentos com vista à construção de grandes projetos industriais. Tais iniciativas, alegadamente, contaram com conhecimento prévio e aprovação das autoridades angolanas da época, incluindo o então Presidente da República, ministros e membros do Conselho de Administração da Sonangol.
A defesa reforça que esses investimentos foram privados e com objetivos estratégicos claros, rejeitando a ideia de qualquer envolvimento irregular da CIF Angola com a petrolífera nacional. O processo continua a decorrer, com novos desenvolvimentos esperados nas próximas sessões.