by REDAÇÃO

A palavra “estabilidade” tornou-se protagonista do discurso político nacional após as últimas eleições legislativas. Mas o que significa, na prática, ser um país estável? E por que razão isso importa tanto neste momento?

Antes de tudo, é importante desfazer um equívoco comum: estabilidade não é sinónimo de imobilismo. Não se trata de ficar parado, mas sim de garantir previsibilidade, equilíbrio e continuidade. Significa saber com o que se conta e onde se está, pelo menos durante um ciclo de governação — os tão necessários quatro anos de legislatura.

É em ambientes politicamente estáveis que as economias crescem, as empresas investem e o emprego qualificado floresce. É também aí que o investimento direto estrangeiro encontra terreno fértil, gerando conhecimento, inovação e novas oportunidades. Estabilidade inspira confiança — para o mercado, para os cidadãos e para quem olha Portugal do exterior.

Contudo, estabilidade não pode ser confundida com passividade. O país exige ação. A estabilidade tem de servir como trampolim para as reformas estruturais, e não como desculpa para adiar decisões difíceis.

Nas últimas semanas, um grupo de cidadãos lançou um manifesto exigindo reformas profundas. O cansaço da sociedade com a paralisia política é visível — há uma fome de mudança, mas também de coragem política para enfrentar interesses instalados, romper com a zona de conforto e, como se diz popularmente, “mexer no queijo”.

O próximo governo não tem tempo a perder. Precisa de governar — com ação, com visão e com determinação. Sem a tentação de querer agradar a todos. Reformar o Estado, dinamizar a economia, criar emprego e devolver esperança a quem perdeu a confiança no sistema político.

Se ao governo cabe governar, ao Parlamento exige-se responsabilidade. Não é tempo de derrubar governos ao fim de um ou dois anos. A instabilidade parlamentar constante é um luxo que o país já não pode pagar, especialmente num contexto internacional marcado por guerras, recessões e incertezas geopolíticas.

A responsabilidade é de todos: governo, oposição, cidadãos. Portugal precisa de políticas firmes, de uma liderança comprometida e de uma legislatura que dure o seu tempo natural. Sem estabilidade, não há progresso. E sem progresso, não há futuro.

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