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Ex-guerrilheiros da RENAMO acusam violência policial e prometem reagir

by REDAÇÃO

Um novo capítulo de tensão política se desenrola em Moçambique. Ex-combatentes da RENAMO, partido histórico da oposição, acusam a polícia de violência e maus-tratos após confrontos ocorridos em Maputo, e articulam uma nova ofensiva contra a liderança de Ossufo Momade, a quem rotulam de “traidor”.

Na última quarta-feira (28 de maio), a sede nacional da RENAMO, em Maputo, foi palco de uma intervenção policial controversa. Ex-guerrilheiros haviam ocupado o edifício em protesto contra a direção atual do partido. Durante a operação de desocupação, vários membros foram detidos e, segundo relatos, sofreram abusos.

João Machava, porta-voz dos ex-combatentes, afirmou que a detenção foi arbitrária e denuncia condições degradantes a que foram submetidos. “Ficaram sem água, sem comida, sem qualquer assistência. Foram tratados como animais”, relatou à DW África. Machava ainda acusa a polícia de saque durante a intervenção, alegando o desaparecimento de dinheiro, comida, aparelhos eletrônicos e documentos dos detidos.

O saldo da operação também incluiu violência física. Segundo Machava, cinco ex-guerrilheiros ficaram feridos durante os confrontos com a polícia, um deles em estado grave, internado no Hospital Central de Maputo. Ele afirma que foram usadas munições reais durante a intervenção.

A ação policial teria sido autorizada, segundo os ex-guerrilheiros, por Ossufo Momade, presidente da RENAMO. “Ele traiu aqueles que lutaram pelo partido. Já não representa os ideais da RENAMO”, afirmou Machava, reforçando o sentimento de abandono por parte da liderança.

Para os ex-combatentes, a ocupação da sede não foi um ato ilegal, mas sim um retorno à “sua casa”. “Lutei pela RENAMO. A sede também é minha. Só queríamos que o nosso líder viesse falar conosco. Ele não apareceu. Chamou a polícia para nos reprimir”, lamentou.

Após a libertação dos detidos, os ex-guerrilheiros aguardam a chegada de aliados de outras províncias para decidir os próximos passos. A intenção é clara: redefinir a estratégia de luta dentro do próprio partido e exigir mudanças na sua liderança. Uma nova reunião está prevista assim que todos os membros estiverem presentes em Maputo.

A crise interna da RENAMO se intensifica, colocando em evidência a fragilidade das relações entre a base histórica do partido e sua direção atual. O desfecho ainda é incerto, mas os sinais apontam para um possível realinhamento dentro da oposição moçambicana.

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