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Isabel dos Santos rompe o silêncio e acusa: ‘Sou alvo de um teatro anticorrupção

by REDAÇÃO

Em entrevista exclusiva à DW, Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, reagiu ao novo avanço judicial contra ela, numa fase crucial do processo que a acusa de 12 crimes ligados à sua passagem pela Sonangol entre 2016 e 2017.

A empresária afirma ser vítima de uma perseguição com motivações políticas, descrevendo o processo como parte de uma encenação anticorrupção que visa manter sua imagem na mídia até às eleições de 2027. Segundo ela, há irregularidades processuais gritantes e prazos legais não respeitados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Esta é uma oportunidade para a justiça provar sua independência”, afirmou, destacando que é a primeira vez em que poderá apresentar provas e testemunhas em sua defesa. Dos 73 nomes apresentados por sua defesa, apenas 7 foram aceitos, um contraste significativo com as mais de 40 testemunhas da PGR.

As quatro acusações centrais segundo Isabel dos Santos:

Serviços de consultoria na Sonangol: A PGR acusa que os serviços prestados por consultores internacionais não existiram. Isabel rebate, dizendo que empresas renomadas como Boston Consulting Group, PricewaterhouseCoopers, McKinsey e Accenture atuaram ativamente na reestruturação da empresa, com provas documentais e testemunhais abundantes.

Aumento salarial dos administradores: Ela reconhece o reajuste, mas esclarece que foi uma decisão colegial aprovada pelo Conselho de Administração, abrangendo toda a empresa. Os valores seriam inferiores aos praticados pelo conselho que a sucedeu.

Envolvimento com a Monjasa Trading: A empresária nega qualquer ligação com a empresa de trading, alegando que nunca teve participação societária na companhia internacional e desconhecia suas operações na Sonangol durante seu mandato.

Falta de pagamento de impostos pela Sonangol: Segundo ela, a responsabilidade pelos impostos de 2017 era do conselho que assumiu após sua saída. As contas daquele ano foram aprovadas por auditores indicados pela nova gestão, sem ressalvas.

Isabel dos Santos critica a diferença de tratamento dado a outros casos, como o da família do ex-presidente do Gabão, Ali Bongo, que foi acolhida em Angola mesmo sob acusações de corrupção. Para ela, a seleção de quem é ou não investigado revela um viés político e uma estratégia eleitoral.

“Fui uma empresária que sempre buscou promover Angola internacionalmente, criando empregos, formação profissional e investindo em vários setores. Mas me tornei um rosto conveniente para uma narrativa de combate fictício à corrupção”, afirma.

Sobre os prejuízos sofridos, Isabel aponta perdas significativas nas suas empresas, que deixaram de gerar milhares de empregos e formações anuais. Ressalta que, além do impacto direto em sua vida pessoal e profissional, há também danos para as economias de Angola e Portugal, onde tinha atividades.

A empresária finaliza com um apelo à independência judicial, reforçando que as acusações não se sustentam e que o verdadeiro combate à corrupção exige desenvolvimento econômico, igualdade de oportunidades e uma sociedade mais justa.

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