Num contexto global de desafios crescentes — da pandemia da COVID-19 aos conflitos armados e eventos climáticos extremos — Moçambique continua a enfrentar obstáculos significativos no caminho do desenvolvimento sustentável. e neste contexto que a osc levaram acabo em Maputo, a Reunião Nacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento, promovida pela Associação de Apoio e Assistência Jurídica às Comunidades (AAAJC), em colaboração com o Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD) e a Reality of Aid África (ROAA).
By: Arson Armindo
O encontro teve como objectivo principal reforçar o conhecimento e a articulação entre os diversos actores nacionais envolvidos na cooperação internacional para o desenvolvimento, preparando o terreno para dois momentos-chave a nível global: a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento, que acontecerá entre os dias 30 de Junho e 3 de Julho, em Sevilha, Espanha; e a 4ª Ronda de Monitoria da Parceria Global para Cooperação Eficaz para o Desenvolvimento.
Compromissos que ainda não se cumprem
Durante a sessão de abertura, Rui de Vasconcelos Caetano, Director Geral da AAAJC, não escondeu a sua preocupação. “Apesar do esforço de alguns parceiros e das capacidades internas que o país tem demonstrado, a maioria dos compromissos assumidos no campo do Financiamento ao Desenvolvimento ainda está longe de ser cumprida”, afirmou.
O responsável sublinhou que os recursos mobilizados a nível internacional são, muitas vezes, desviados para crises emergenciais — como guerras e catástrofes naturais — o que fragiliza o apoio necessário para consolidar políticas de desenvolvimento nos países mais vulneráveis, como Moçambique.
Dependência externa e necessidade de mudança
Sectores vitais como a Educação, a Saúde e a Assistência Humanitária continuam fortemente dependentes da ajuda externa. Esta realidade, segundo os intervenientes na reunião, exige não apenas maior volume de financiamento, mas também mais qualidade e eficácia na sua aplicação.
“É urgente reforçar os mecanismos de coordenação e monitoria para garantir que os recursos disponíveis sejam usados com responsabilidade e impacto real”, defendeu Caetano. Ele reforçou ainda que o sucesso dos compromissos globais depende do envolvimento activo de todos — desde instituições públicas até à sociedade civil.
Uma oportunidade para recomeçar
Mais do que um espaço de debate técnico, a reunião revelou-se um momento de reencontro entre parceiros, instituições e especialistas empenhados em construir uma base sólida de entendimento e colaboração. “Esperamos que este seja um ponto de viragem, onde se estabeleçam novas sinergias para uma participação mais activa e informada de Moçambique nos processos internacionais”, destacou o Director Geral da AAAJC.
Com os olhos postos na conferência de Sevilha e nas metas da Agenda 2030, os participantes deixaram o evento com um sentimento comum: só com união, clareza de objectivos e acção coordenada será possível transformar o financiamento ao desenvolvimento num verdadeiro motor de mudança.