Na zona da Estalagem, no município de Viana, em Luanda, a insegurança atravessa a rua. Literalmente. A ponte pedonal que liga o conhecido mercado informal “Mama Gorda” às bombas de combustível da região encontra-se em estado crítico, pondo em risco a vida de milhares de cidadãos que a utilizam diariamente — ou que optam por se arriscar diretamente no asfalto.
A estrutura, corroída pelo tempo e pela falta de manutenção, está cheia de ferrugem, buracos e fragilidade visível. A situação levou os moradores a acusarem o Governo Provincial de Luanda, liderado por Luís Nunes, de negligência. Segundo os populares, os apelos por obras de reabilitação ou substituição da ponte têm sido ignorados há anos.
“Essa pedonal não está em condições. Arriscamos as nossas vidas porque não há outro local seguro para atravessar”, desabafa Alberto João, morador da região. A travessia insegura obriga muitos a arriscarem-se na movimentada via asfaltada, onde o número de atropelamentos tem aumentado.
Para Miguel Afonso, vendedor ambulante na zona, o problema é agravado pelo que considera ser um abandono seletivo: “Outras pontes como a do Bar e da Robaldina já foram reabilitadas, mas a nossa segue ignorada. Por quê?”
Segundo dados recentes do próprio Governo da Província de Luanda, existem 141 pontes pedonais em toda a capital. Dessas, apenas 76 estão em bom estado, enquanto 11 estão em condições críticas e duas completamente fora de serviço — ambas em Viana.
Estima-se que a reabilitação de uma ponte possa custar até 30 milhões de kwanzas, valor que, para os moradores, não pode justificar o custo de vidas humanas perdidas.
Amélia Filipe, residente da Estalagem há mais de uma década, afirma que a estrutura nunca passou por qualquer reparo desde a sua construção. “Já perdemos vizinhos, amigos, familiares… É como se a nossa dor não valesse nada para quem governa”, lamenta.
Os apelos têm sido dirigidos ao administrador municipal de Viana, Demétrio Brás, mas, segundo os moradores, ainda não houve qualquer resposta concreta.
A equipe do blog tentou entrar em contacto com a Administração Municipal de Viana e com o Gabinete do Governador Provincial, mas não obteve retorno até o momento da publicação deste artigo.
Enquanto isso, a ponte segue se desintegrando e a população continua exposta a perigos diários. O que está em jogo não é apenas a estrutura de ferro que enferruja — são vidas que se perdem por falta de ação.