Em um comunicado recente, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) expressou sua profunda preocupação com as tentativas de substituir o seu líder, Adalberto Costa Júnior, através de processos judiciais que alega serem “forjados” e “encenados” por agentes dos serviços de inteligência. A oposição acusa o governo de instrumentalizar o sistema judicial e de atacar a legitimidade da liderança da UNITA de maneira a enfraquecer a oposição política no país.
A declaração foi emitida pelo Comité Permanente da UNITA em 20 de março de 2025, destacando várias questões políticas e sociais que estariam em jogo. Segundo o comunicado, as tentativas de minar a liderança de Costa Júnior também envolvem a mudança na liderança do Grupo Parlamentar da UNITA e a intimidação do Primeiro Ministro do “Governo Sombra” do partido. Para a UNITA, essas ações representam uma violação grave do direito à oposição, que é garantido pela Constituição angolana.
O partido também afirmou que tem recebido denúncias constantes sobre planos para atacar a vida de Costa Júnior e outros membros da sua direção. Esses relatos, segundo o partido, indicam uma perseguição política orquestrada pelas forças de segurança do Estado. A UNITA denuncia ainda a falta de proteção por parte do Estado, a restrição do direito de expressão e a proibição de órgãos públicos de veicularem as declarações e ações do partido, em flagrante desrespeito às liberdades fundamentais.
Além disso, a UNITA condena a atual situação política e econômica do país, que, de acordo com o comunicado, continua a se agravar, com um governo que se recusa ao diálogo com os parceiros sociais e que, em sua visão, tem negligenciado funções essenciais como a educação e a saúde. A UNITA também destaca o agravamento da corrupção nas instituições públicas e o impacto direto que isso tem sobre a população, resultando em mortes evitáveis devido ao congelamento de verbas em setores cruciais, como escolas e hospitais.
A declaração critica fortemente o tratamento dado aos participantes estrangeiros durante a Conferência Internacional da Plataforma Democratas por África, que envolveu a colaboração da UNITA com o governo angolano na preparação do evento. A UNITA considera inadmissível a arrogância e o desrespeito mostrados ao tratar os participantes estrangeiros, o que, segundo o partido, expôs negativamente a imagem de Angola no cenário internacional.
Em relação ao julgamento em curso no Huambo, o partido denuncia a manipulação política da justiça, descrevendo a situação como um “golpe de Estado” disfarçado de processo judicial. A UNITA alega que o objetivo das ações contra seus líderes é enfraquecer o partido e deslegitimar sua oposição ao governo. Em sua visão, essas tentativas estão sendo realizadas com o intuito de criar um cenário onde os líderes da UNITA, como Adalberto Costa Júnior, Liberty Chiyaka e Raul Taty, possam ser incriminados e removidos do cenário político.
A UNITA também fez uma denúncia grave sobre o vazamento de documentos privados, como documentos de viagem de Costa Júnior, e criticou a partidarização das instituições do Estado angolano, especialmente os órgãos de segurança e a justiça, que, segundo o partido, estariam sendo usados para perseguir seus membros.
O comunicado do Comité Permanente conclui com um apelo para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tome providências e investigue as denúncias de perseguição e manipulação judicial. O partido também pediu apoio à sociedade civil e a mobilização das forças democráticas do país para evitar a escalada de violência política e garantir a proteção dos direitos humanos em Angola.
Por fim, a UNITA conclama a vinda de comissões internacionais, incluindo representantes da União Africana, da Corte de Justiça e dos Povos Africanos, e do Parlamento Europeu, para investigar a situação no país. O partido pede ainda que se apurem as denúncias de abuso de poder por parte do governo e as ameaças à integridade física de seus líderes.
Essa declaração sublinha a crescente tensão política em Angola, com a UNITA se posicionando contra o que considera ser uma erosão da democracia e dos direitos fundamentais no país, fazendo um apelo urgente para a mudança e a restauração do diálogo político e da justiça imparcial.