Em uma reunião significativa realizada em Riade, na Arábia Saudita, funcionários ucranianos e norte-americanos discutiram um possível acordo de paz, com foco em alcançar um cessar-fogo duradouro. O encontro ocorreu na terça-feira, 11 de março de 2025, e foi considerado como “produtivo e incisivo” pelo ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, que liderou a delegação ucraniana.
Durante o encontro, que antecedeu as negociações entre as delegações dos EUA e da Rússia, Umerov destacou que os pontos-chave discutidos incluíam questões energéticas e outras áreas fundamentais para a paz. Ele reforçou o compromisso do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy em buscar uma “paz justa e duradoura” não apenas para a Ucrânia, mas também para a Europa, enfatizando que os esforços estão sendo feitos para transformar esse objetivo em realidade.
A delegação ucraniana também contou com a presença de figuras importantes, como Oleksandr Karasevych, secretário de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Pavlo Palisa e Ihor Zhovkva, vice-chefes do gabinete presidencial, e Mykola Kolisnyk, vice-ministro da Energia. Importante frisar que Palisa confirmou que não havia planos para encontros com a delegação russa em Riade durante esse período.
Logo após o encontro, o presidente Zelenskyy compartilhou uma mensagem em vídeo, descrevendo as conversações com os norte-americanos como “muito produtivas”. Zelenskyy também reiterou seu apelo para que todas as partes envolvidas continuem a pressionar a Rússia, buscando garantir um cessar-fogo “verdadeiro”.
Este encontro ocorre quase duas semanas após uma reunião em Jeddah, cidade portuária saudita, onde as partes concordaram com uma proposta de cessar-fogo de 30 dias. Em troca, os EUA se comprometeriam a levantar a suspensão da ajuda militar e a compartilhar mais informações com a Ucrânia. No entanto, o avanço para um cessar-fogo mais amplo ainda depende de novas negociações com a Rússia.
As conversações entre os EUA e a Rússia estavam agendadas para ocorrer logo após este encontro em Riade. A delegação russa foi liderada por Grigory Karasin, presidente do comitê de assuntos internacionais da câmara alta da Rússia, e Sergey Beseda, conselheiro do chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia. Esses diálogos são vistos como cruciais para entender a disposição do Kremlin em alcançar um acordo de paz.
Apesar dos avanços nas negociações, as tensões continuam altas. Zelenskyy acusou o presidente russo Vladimir Putin de bloquear os esforços de cessar-fogo, continuando a atuar como um “agressor”. Mesmo com um entendimento preliminar sobre um cessar-fogo limitado, os ataques russos à Ucrânia não cessaram; na verdade, aumentaram em intensidade, o que gerou ainda mais frustração e desconfiança entre as partes envolvidas.
O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, que liderou a delegação norte-americana em Riade, declarou que não acredita nas preocupações de que Putin tenha intenções de expandir o território russo por toda a Europa. Witkoff comparou a situação atual com os cenários da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, quando a presença da OTAN não era tão forte como hoje, e afirmou que, embora as questões territoriais sejam importantes, a prioridade dos EUA é cumprir a agenda do presidente Joe Biden para acabar com a guerra.
No mesmo dia, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, também comentou sobre as negociações, afirmando que os esforços para evitar uma nova escalada entre a Rússia e a Ucrânia estavam “sob controle” e expressou otimismo de que as conversações em Riade poderiam finalmente proporcionar um avanço significativo para pôr fim a um conflito que já dura mais de três anos.
Embora as conversações estejam longe de garantir uma solução imediata, as reuniões em Riade representam um passo importante para tentar aliviar as tensões e, quem sabe, abrir caminho para um cessar-fogo mais duradouro. A pressão internacional para que a Rússia mostre disposição para encerrar o conflito cresce, e a Arábia Saudita, ao sediar essas negociações, assume um papel central no esforço para promover a paz.
O futuro das conversações dependerá de muitas variáveis, incluindo a reação do Kremlin e a disposição de todas as partes em fazer concessões. No entanto, a continuidade do diálogo e a busca por soluções políticas permanecem a esperança de um fim para a guerra que tem devastado a Ucrânia e impactado a estabilidade global.