No grande balaio da história, onde reis e peões se movem ao sabor dos ventos e das vontades, JONAS SAVIMBI foi uma peça singular. Não dessas que se deixam empurrar facilmente, mas sim um cavalo forte, que saltava barreiras e, por vezes, derrubava seus próprios aliados. Para muitos, um estrategista brilhante; para outros, um exímio ilusionista que fez do palco da guerra sua grande ópera.
By: Poeta UKwanana
Se fosse um inseto, seria uma abelha. Não qualquer abelha, mas aquela que constrói a colmeia com ardor, protege seu território com ferrões afiados e, quando ferroa, não recua, porque sabe que a picada pode ser fatal para ambos os lados. Alimentou sonhos, polinizou ideais e também deixou rastros de dor, porque em terra de zangões ninguém voa impune.
Os livros de história que o digam: alguns o pintam como herói, outros como vilão, e outros ainda preferem deixá-lo no limbo, onde repousam as almas que desafiaram o próprio destino. Mas sejamos francos, se há um prêmio que os angolanos ganharam, foi esse troféu de contradição. Sorriu-se e chorou-se por ele, como se fosse uma montanha-russa emocional da qual ninguém teve escolha senão embarcar.
E eis que um dia, o tempo, esse juiz que não aceita propinas, decretou seu xeque-mate. Uns brindaram com champanhe, outros rezaram missas, e muitos, talvez a maioria, apenas seguiram em frente, porque em Angola o tempo não para, a poeira da história assenta rápido e a vida segue com novos peões sendo movidos no tabuleiro do poder.
Mas hoje, nas minhas imaginações, este deveria ser o Dia do Perdão Nacional. Perdão por termos dançado sobre sua lápide com um gosto amargo de vingança nos lábios, esquecendo que a justiça não é vingança e que a história, essa velha senhora de memória longa, não se apaga com discursos inflamados ou decretos convenientes. A Bíblia já nos alertava: não se deve regozijar com o sofrimento alheio, pois o tempo, implacável e silencioso, trata de redistribuir as cartas da vida.
JONAS SAVIMBI, o nome que sussurra como trovão em noite de tempestade, jamais terá réplica. Pois, se há coisa que a natureza não permite, é repetir fenômenos raros. Seja ele um mito, um mártir ou um mero mortal, sua sombra ainda passeia pelas savanas da política, enquanto seus feitos sussurram entre aqueles que se atrevem a escutar.
E assim, a roda gira, os tabuleiros mudam, mas o jogo… ah, o jogo continua.
in Lamúrias del Ukwanana o porta voz de quem não tem VOZ SENTINELA DA PÁTRIA.