A cólera continua a ser uma ameaça grave em Angola, com surtos recentes resultando em 75 mortes e mais de 2.200 casos registados. Em resposta a essa crise, o Ministério da Saúde iniciou uma campanha de vacinação que começou no dia 3 de fevereiro e se estende até o dia 7, com o objetivo de controlar a propagação da doença. No entanto, apesar dos esforços das autoridades de saúde, muitos moradores de regiões afetadas, como o município de Cacuaco em Luanda e Sequele, no Icolo e Bengo, estão relutantes em aceitar a vacina.
A rejeição da vacina tem sido um obstáculo significativo na luta contra a cólera. De acordo com Arminda Gouveia, técnica do Ministério da Saúde, muitos residentes de Cacuaco estão desconfiados da vacina, com alguns dizendo que não confiam nas vacinas “de rua”. Para combater essa resistência, a mensagem transmitida pelas equipes de vacinação é clara: quem se recusa a ser vacinado no local pode procurar os postos de vacinação para receber a dose. Apesar das dificuldades, a equipe segue trabalhando para esclarecer a importância da vacinação e sua segurança.
No município de Sequele, a resistência é igualmente notável. Sandra Filho, vacinadora do Ministério da Saúde, relatou que alguns adultos estão proibindo suas crianças de tomar a vacina, alegando que não é necessária para pessoas da sua idade. Esse comportamento tem gerado dificuldades adicionais no processo de vacinação, já que alguns pais tentam esconder as crianças em casa quando veem as equipes de vacinadores.
No entanto, mesmo com essas dificuldades, os resultados da campanha têm sido positivos. O representante do Ministério da Saúde em Sequele, Joaquim Bengue, destacou que mais de 100 mil pessoas já foram imunizadas desde o início da campanha na região, com 122.185 pessoas rastreadas contra a cólera. O trabalho das equipes de saúde continua de forma intensa e incansável para alcançar o maior número possível de pessoas.
O cenário epidemiológico, no entanto, permanece alarmante. O Ministério da Saúde divulgou recentemente que o número de casos de cólera continua a crescer, com um recorde de 190 casos em 24 horas. O surto já afetou nove províncias do país, sendo Luanda e Bengo as mais atingidas. O grupo etário mais vulnerável tem sido o de crianças, especialmente os menores de 5 anos, que representam um número significativo de casos e óbitos.
Em face dessa crise, a vacinação surge como uma medida crucial para conter a propagação da cólera e salvar vidas. No entanto, é essencial que os esforços de sensibilização e educação sejam intensificados, especialmente nas comunidades onde ainda persiste o receio em relação à vacina. O trabalho de conscientização é fundamental para que mais pessoas aceitem a vacina, protegendo não apenas a si mesmas, mas também a saúde pública em geral.
A luta contra a cólera em Angola é um desafio constante, mas com o apoio das autoridades de saúde, organizações como a Cruz Vermelha e a colaboração da população, é possível controlar a propagação da doença e reduzir o número de casos e mortes. A vacinação, portanto, se apresenta como a principal ferramenta para vencer essa batalha e evitar novas tragédias.