Recentemente, um grupo de efectivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e da Polícia Nacional (PN) do município do Cuango, na província da Lunda-Norte, enviou uma carta ao ministro do Interior, Manuel Homem, denunciando a grave situação de corrupção e exploração ilegal de recursos naturais na região. O município de Cuango, juntamente com Cafunfo, tem sido alvo de uma crescente crise que compromete tanto as instituições públicas quanto a vida dos cidadãos locais.
A carta, que foi acessada pelo portal O Decreto, descreve como a corrupção tem se tornado uma “chaga” que afeta gravemente a integridade das instituições e prejudica o bem-estar da população. Os denunciantes afirmam que representantes do município estariam envolvidos em esquemas de corrupção ligados diretamente a traficantes de diamantes, um negócio ilegal que tem proliferado na região.
O documento destaca que a situação se agrava pela conivência de altos oficiais da polícia e de outros serviços de segurança, incluindo comandantes da Polícia Nacional e chefes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do Serviço de Investigação de Ilícitos Penais (SMIIP). Essa rede de corrupção tem permitido que a exploração ilegal de recursos naturais continue sem ser punida, desrespeitando flagrantemente as leis e os direitos dos cidadãos.
Recentemente, um áudio vazado trouxe à tona um escândalo envolvendo a tentativa de encobrimento de uma draga ilegal em operação no Cuango. Nesse áudio, Pio do Amaral Gourgel, chefe da Secção de Investigação e Ilícitos Penais do Cuango, aparece como um dos principais envolvidos no esquema. Além disso, o jornalista Dinis Mário Bundo foi detido durante a investigação, enquanto seus comparsas continuam em liberdade, o que, para os denunciantes, é uma clara violação da justiça e uma prova de que os corruptos permanecem impunes.
A carta enfatiza a necessidade de uma investigação séria e imparcial sobre os casos de corrupção e a conivência das autoridades locais, alertando que a proteção contínua dos envolvidos está corroendo a confiança nas instituições públicas. “Nossos cidadãos merecem justiça e transparência. A proteção dos corruptos está destruindo a confiança em nossas instituições”, afirmam.
Os denunciantes fazem um apelo para que Cafunfo não continue sendo um “campo fértil para a corrupção” e que Pio do Amaral Gourgel e todos os cúmplices enfrentem as consequências de suas ações. “A verdade deve prevalecer, e é nosso dever, como cidadãos, garantir que isso aconteça”, concluem.
Tentamos obter uma posição da Procuradoria Geral da República sobre o aumento da corrupção no país, mas não tivemos sucesso na tentativa de contato. O caso segue gerando preocupações sobre a crescente influência da corrupção nas instituições públicas e a necessidade urgente de medidas eficazes para combatê-la.