A jornalista italiana Cecilia Sala, colaboradora do jornal Il Foglio, encontra-se detida na prisão de Evin, em Teerão, desde antes do Natal. Sala estava no país realizando reportagens, tendo entrevistado um ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irão e publicado recentemente um episódio de podcast com Zeinab Musavi, uma comediante iraniana que criticou a obrigatoriedade do hijab.
Cecilia Sala chegou ao Irão no dia 12 de dezembro com visto de jornalista válido e autorização oficial para correspondentes estrangeiros. Durante sua estadia, publicou nas redes sociais fotografias de mulheres em Teerão, mostrando aspectos da cultura local. Contudo, apenas sete dias depois, deixou de responder às mensagens, e seu retorno a Roma, previsto para o dia 19 de dezembro, não aconteceu.
Atualmente, Sala está detida em isolamento na prisão de Evin, conhecida por abrigar dissidentes políticos. Apesar de uma visita consular confirmar que ela está em condições aceitáveis, as razões para sua detenção permanecem incertas.
A prisão de Cecilia Sala ocorreu apenas um dia após um cidadão iraniano ter sido detido na Itália, acusado de envolvimento em tráfico de drones. O homem, de 38 anos, aguarda um processo de extradição para os Estados Unidos. Essa coincidência temporal levanta questões sobre uma possível retaliação por parte das autoridades iranianas.
O editor-chefe do Il Foglio, Claudio Cerasa, destacou que a situação é grave e exige cautela. Segundo ele, Cecilia é uma jornalista experiente e bem preparada, e sua detenção não possui justificativa plausível. “É vital manter a atenção sobre este caso, pois está em jogo a vida de uma pessoa”, afirmou Cerasa.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Itália declarou que está em contato direto com as autoridades iranianas para esclarecer a situação legal de Sala e garantir sua libertação. Além disso, a União Europeia acompanha o caso de perto e reforçou a importância da discrição nas negociações diplomáticas em andamento.
Embora Cecilia Sala tenha tido duas breves ligações com seus familiares desde sua prisão, as autoridades iranianas ainda não reconheceram formalmente sua detenção. Esse atraso é comum em casos envolvendo jornalistas estrangeiros no Irão, podendo levar semanas para um anúncio oficial.
Enquanto isso, a comunidade internacional e a imprensa italiana continuam a pressionar pela libertação de Sala, enfatizando a importância da liberdade de imprensa e o respeito pelos direitos humanos. A situação reforça os desafios enfrentados por jornalistas que se arriscam para reportar histórias em contextos politicamente sensíveis.
Cecilia Sala é mais do que uma profissional competente; ela é um símbolo da luta por liberdade e transparência. Sua libertação não é apenas uma questão de justiça, mas também de defesa dos valores fundamentais que sustentam o jornalismo independente.