Israel está adotando uma postura vigilante e estratégica diante da crise síria, à medida que busca evitar a emergência de novas ameaças. Enquanto isso, o Líbano observa atentamente os desdobramentos, temendo que a região se torne um novo campo de batalha.
Com o agravamento da situação na Síria, Israel tem expressado preocupações sobre a segurança na região e alertado os Estados Unidos. O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, reuniu-se com seu homólogo americano, Lloyd Austin, para discutir a evolução da situação síria e estabelecer “consultas permanentes” sobre o futuro da zona. O foco de Israel vai além das fronteiras da Síria, com a crescente preocupação em relação ao papel de grupos como o Hayat Taharir al-Sham (HTS) e o impacto do radicalismo na região.
Yossi Kuperwasser, general em licença dos serviços secretos militares israelitas, destacou que, embora a queda do regime de Bashar al-Assad tenha enfraquecido o eixo iraniano, o surgimento de novos grupos extremistas pode representar um desafio ainda maior. “Assad foi substituído principalmente por outros extremistas ligados à Irmandade Muçulmana e seus aliados”, afirmou Kuperwasser, alertando para os desdobramentos futuros na Síria.
Diante desse cenário, Israel tem intensificado suas ações militares preventivas, visando evitar que armamentos fornecidos pela Rússia ao regime de Assad caiam nas mãos de grupos hostis. Desde que as milícias do HTS e seus aliados tomaram Damasco, a pressão militar israelita sobre alvos sírios tem aumentado, buscando desestabilizar os novos focos de poder na Síria.
No entanto, outras potências, como a Turquia, estão preocupadas com as intenções de Israel no longo prazo. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou as incursões militares israelitas no sul da Síria, especialmente a ocupação da zona-tampão nos Montes Golã, área anteriormente controlada pela Síria e agora ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias. Erdogan afirmou que essas ações israelitas não contribuem para a estabilidade da Síria.
Por outro lado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou a posição de Israel sobre os Montes Golã, dizendo que a região será “israelita para toda a eternidade”. Kuperwasser, por sua vez, apontou que a Turquia e a Irmandade Muçulmana compartilham ideologias semelhantes, sugerindo que o apoio turco aos grupos que agora dominam a Síria pode ser um fator importante para os próximos passos na região.
O Líbano, vizinho imediato de Israel e da Síria, também está preocupado com as implicações da instabilidade síria. O fim do regime de Assad enfraqueceu as conexões entre o Irã e o Hezbollah, uma das maiores ameaças de Israel na região. Além disso, a presença de milhões de refugiados sírios no Líbano tornou a situação ainda mais caótica. O governador de Baalbek, região libanesa na fronteira com a Síria, expressou suas preocupações sobre o controle das fronteiras e a crescente pressão dos refugiados.
O Líbano também enfrenta desafios significativos com a situação dos refugiados sírios, já que, antes da última guerra, o país abrigava cerca de dois milhões de sírios, a maioria dos quais eram considerados refugiados ou pessoas deslocadas. A instabilidade no Líbano se reflete em um cenário complicado, onde alguns sírios buscam retornar à sua terra natal, enquanto outros tentam fugir da violência para entrar no Líbano.
Com os ventos da mudança soprando forte na região, a tensão continua a crescer, com Israel tentando se posicionar estrategicamente e o Líbano temendo as possíveis repercussões da crise síria. O futuro da região parece incerto, e todos os olhos estão voltados para as próximas movimentações de potências como Israel e Turquia, além da evolução da situação interna da Síria.