O diretor do FBI, Chris Wray, confirmou que deixará o cargo ao final do mandato de Joe Biden, antes da posse de Donald Trump, prevista para janeiro de 2025. A decisão foi anunciada por Wray na quarta-feira, em uma comunicação interna aos funcionários do FBI. Segundo ele, a escolha foi tomada após semanas de reflexão cuidadosa e visa evitar que a instituição se envolva em disputas políticas, além de permitir que o FBI continue focado em sua missão essencial de servir ao povo americano.
“Meu objetivo é manter o foco no trabalho indispensável que todos vocês fazem todos os dias em nome do povo americano. Acredito que essa é a melhor maneira de evitar que o FBI seja arrastado para uma luta mais profunda, enquanto reforçamos os valores e princípios que são tão importantes para a forma como realizamos nosso trabalho”, afirmou Wray.
Chris Wray foi nomeado por Donald Trump em 2017, após o ex-presidente demitir o então diretor James Comey. Sua gestão foi marcada por desafios, especialmente devido à investigação do FBI sobre o ataque ao Capitólio dos EUA, ocorrido em 6 de janeiro de 2021, que colocou a instituição em uma posição delicada, sendo alvo de críticas intensas, especialmente de aliados do ex-presidente Trump.
Com a chegada de Trump à Casa Branca para seu segundo mandato, Wray anunciou sua saída, cumprindo o restante de seu mandato até janeiro. Donald Trump, por sua vez, já indicou que pretende nomear Kash Patel, um crítico ferrenho das práticas do FBI, para o cargo de diretor. Patel é um forte defensor do movimento “America First” e um crítico das investigações realizadas pelo FBI, incluindo as buscas em Mar-a-Lago, residência de Trump, onde documentos classificados foram apreendidos em 2022.
Wray, por sua vez, se despediu com palavras emocionadas, reconhecendo as dificuldades da decisão. “Não é fácil para mim. Eu adoro este lugar, adoro nossa missão e adoro nosso pessoal, mas sempre mantive o foco em fazer o que é certo para o FBI”, disse ele, ressaltando seu compromisso com a integridade da agência.
Com a ascensão de Trump, a nomeação de Patel reflete a visão do ex-presidente de que as agências governamentais dos EUA precisam passar por uma transformação radical. A confirmação de Patel ainda é incerta, já que dependerá da aprovação do Senado, que, embora seja controlado pelos republicanos, pode ter desafios para validar a escolha. Trump, no entanto, não descartou a possibilidade de utilizar a “nomeação de recesso”, um mecanismo que permite ao presidente nomear alguém para um cargo público sem a necessidade de aprovação do Senado durante o período de inatividade legislativa.
A saída de Wray e a possível nomeação de Patel marcam um capítulo significativo na história recente do FBI, uma instituição que se viu no centro de intensos debates políticos e que, a partir de janeiro, pode passar por uma nova era sob a liderança de Trump.