Luanda – O engenheiro António Venâncio, pré-candidato ao congresso do MPLA em 2026, fez duras críticas à atual liderança do partido e destacou diversas irregularidades nos processos internos de gestão. Em uma entrevista exclusiva ao Portal Club-K, Venâncio apontou violações nos procedimentos que envolvem a convocação do Congresso Ordinário, afirmando que essas ações comprometem a democracia dentro da organização.
De acordo com Venâncio, os estatutos do MPLA estão sendo violados de forma flagrante, especialmente em relação a artigos importantes que regulam o funcionamento interno do partido. Ele citou especificamente os artigos 140, 78, 74, 79 e 76, que, segundo ele, limitam a participação democrática e impedem a transparência nos debates internos.
António Venâncio destacou um ponto crucial nos estatutos do MPLA que, segundo ele, tem sido desrespeitado: o artigo 75. Este artigo, nas alíneas b) e c), atribui exclusivamente ao Congresso Ordinário a responsabilidade de discutir as teses do partido e realizar os ajustamentos necessários. No entanto, o pré-candidato afirmou que a atual liderança tem impedido esses debates de forma aberta, o que, para ele, enfraquece o verdadeiro funcionamento democrático do partido.
Ele também mencionou um aspecto que gerou bastante preocupação entre os membros do Comité Central (CC) do MPLA: a possibilidade de surgirem “listas concorrentes” para a eleição de novos membros da direção. Venâncio apontou que, de acordo com o artigo 80 dos estatutos, a eleição do Comité Central deve ocorrer por meio de um sistema maioritário de listas concorrentes, mas alegou que a liderança atual tem temido a concorrência e busca evitar, a todo custo, uma verdadeira depuração da gestão interna do partido.
O “Medo” da Mudança
O pré-candidato foi enfático ao afirmar que muitos membros da atual liderança, incluindo o Secretário-Geral e os integrantes do Bureau Político, estão receosos com a possibilidade de novas candidaturas surgirem no Congresso de 2026. Para Venâncio, esse receio é compreensível, pois um Congresso com eleições concorrentes pode significar o fim do domínio da atual liderança sobre o partido.
“O grande medo é o surgimento de listas concorrentes no Congresso de 2026. O que se tem evitado a todo custo é uma verdadeira depuração da liderança do MPLA. Muitos membros do Comité Central, o próprio Secretário-Geral e o Bureau Político estão com medo de saírem de cena no Congresso da Verdade Eleitoral e da Depuração”, afirmou o pré-candidato.
António Venâncio não teve dúvidas ao afirmar que o Congresso de 2026 será um marco decisivo para o futuro do MPLA. Segundo ele, o congresso terá um caráter depurador, sendo fundamental para remover do partido aqueles membros que, segundo o pré-candidato, têm levado a organização a um caminho de desgaste. Venâncio se referiu ao evento como o “Congresso da Verdade Eleitoral e da Depuração”, afirmando que será a oportunidade para depurar a liderança do partido e reverter o que ele considera um retrocesso nos rumos da legenda.
“O Congresso de 2026 será o Congresso da Verdade Eleitoral e da Depuração no seio do partido. Os mandatos no MPLA têm um limite de 5 anos e, em 2026, será o momento de depurar aqueles que até hoje quase levaram o partido ao abismo”, declarou Venâncio.
Com o Congresso de 2026 se aproximando, as discussões sobre o futuro do MPLA e a direção a ser tomada pela organização tendem a se intensificar. O que está em jogo, segundo o pré-candidato, é não apenas a renovação interna, mas também a continuidade do partido em um contexto de desafios e transformações políticas no país. O futuro do MPLA e da política angolana pode, de fato, ser definido nas discussões que acontecerão no próximo congresso.