O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou recentemente a Angola para uma visita de três dias, marcando um momento significativo nas relações bilaterais entre os dois países. Durante a visita, a cooperação econômica foi um tema central, mas também surgiram questões cruciais relacionadas à democracia e aos direitos humanos, que foram destacadas por organizações não-governamentais.
A ONG Amigos de Angola (FoA) elogiou a parceria entre Angola e os EUA, mas destacou a necessidade de que a cooperação não se limite apenas à esfera econômica. Para a organização, é essencial que essa colaboração também fortaleça a democracia, os direitos humanos e a transparência no país africano. Florindo Chivucute, presidente da Amigos de Angola, expressou suas preocupações sobre a situação política em Angola, ressaltando que a parceria deve ir além dos interesses econômicos, protegendo os valores fundamentais de liberdade e democracia.
Em particular, as organizações não governamentais pedem a intervenção de Biden para pressionar o presidente angolano, João Lourenço, a liberar ativistas presos desde setembro de 2023, que são considerados “presos políticos”. Gilson da Silva Moreira, Hermenegildo André, Abraão dos Santos e Adolfo Campos são nomes de ativistas cuja libertação é solicitada por entidades como o FoA e o Observatório para Coesão Social e Justiça (OCSJ).
Chivucute apontou que as ONGs, como a Amigos de Angola, têm oferecido apoio legal a esses ativistas, mas enfrentaram dificuldades significativas com o sistema judicial angolano. Apesar disso, ele afirmou que a visita de Biden é uma oportunidade para que os EUA pressionem Angola a melhorar sua postura em relação aos direitos humanos, citando a importância de não negociar os valores fundamentais de uma sociedade, como a liberdade e os direitos humanos, em nome de acordos comerciais.
Outro ponto importante mencionado por Chivucute foi a necessidade de uma abordagem equilibrada na cooperação entre os dois países. Ele fez um comparativo com a atuação da China e da Rússia, sugerindo que os EUA não devem seguir o exemplo desses países, que muitas vezes priorizam interesses econômicos em detrimento de questões de direitos humanos. A expectativa, segundo a ONG, é que Biden aprove a sua visita para reforçar a importância da democracia, da transparência e do respeito aos direitos humanos em Angola.
Além disso, a Amigos de Angola também acredita que o presidente dos EUA deveria envolver mais diretamente a sociedade civil durante sua visita. A organização apoiou a ideia de que Biden se encontrasse com representantes de ONGs e outros membros da sociedade civil, como parte de um diálogo mais amplo sobre o futuro político e social do país. Para Chivucute, este tipo de interação é essencial para uma democracia madura, e sua inclusão no evento é vista como uma decisão positiva.
Em resumo, a visita de Biden a Angola é vista por muitos como uma chance não apenas de fortalecer laços econômicos, mas também de pressionar por reformas que consolidem a democracia e protejam os direitos humanos no país. Para as ONGs e defensores dos direitos civis, este é o momento de garantir que os valores fundamentais não sejam sacrificados em nome de acordos bilaterais.