Maputo – A violência nos protestos em Nampula, na última quarta-feira (27 de novembro), deixou um saldo trágico de 13 mortos e mais de 100 feridos, segundo o Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS). O partido, que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, denuncia que a polícia usou balas reais e gás lacrimogêneo para reprimir os manifestantes, num episódio que gerou grande tensão na província.
José Ali, delegado do PODEMOS em Nampula, relatou à DW que as manifestações, que marcam a terceira etapa da quarta fase das protestos convocados por Mondlane, foram marcadas por uma repressão violenta por parte da Polícia da República de Moçambique. “Foram 13 mortos e mais de cem feridos em menos de dois dias. Os ataques foram protagonizados pela polícia, que atirou balas verdadeiras”, disse Ali, destacando que muitas famílias estão agora em luto e a população de Nampula está com medo de ir aos seus locais de trabalho.
As manifestações têm como objetivo contestar os resultados das recentes eleições presidenciais e legislativas, que a oposição, incluindo o PODEMOS, considera fraudulentos. A Comissão Nacional de Eleições anunciou a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o que gerou protestos em várias partes do país. Durante esses protestos, a polícia tem reagido com força, inclusive em Maputo, onde uma manifestante foi atropelada por um veículo blindado militar.
José Ali também comentou que diversas organizações estão investigando as mortes e buscando responsabilizar os autores dos abusos. Ele afirmou que o PODEMOS está em contato com grupos de direitos humanos para denunciar o que está acontecendo em Moçambique e garantir que os responsáveis por essas mortes sejam levados à justiça.
Apesar da violência, o PODEMOS promete continuar os protestos até que o regime da FRELIMO seja “derrubado”. “A revolução é irreversível”, afirmou Ali, destacando que os protestos não cessarão até que a “verdade eleitoral” seja reconhecida. O partido de oposição, junto com outras organizações da sociedade civil, continua a questionar a legitimidade dos resultados eleitorais, com Mondlane convocando protestos em massa e ações de desobediência civil, como estacionar veículos nas ruas durante as horas de trabalho e levantar cartazes denunciando a “fraude eleitoral”.
Com os protestos em andamento, as tensões em Moçambique permanecem altas, com a população exigindo uma resposta às suas reivindicações por um processo eleitoral mais justo e transparente. O futuro dos protestos e da situação política no país ainda está incerto, mas a luta por mudanças parece estar longe de acabar.