Lisboa – Na véspera da apresentação do Orçamento do Estado para 2025, o primeiro-ministro Luís Montenegro deu uma entrevista à SIC, onde abordou temas importantes, como a aprovação do orçamento, o papel do PS nas negociações e o futuro político de algumas figuras de destaque. A conversa foi conduzida por Maria João Avillez, diretamente do Palacete de São Bento.
Luís Montenegro mostrou-se confiante na viabilização do Orçamento do Estado, revelando que as negociações com o Partido Socialista (PS) resultaram num acordo finalizado. Segundo o primeiro-ministro, o documento contempla as principais propostas do PS, como a redução do IRC e a valorização dos salários, mantendo o foco na capitalização das empresas. Além disso, mencionou que o IRS Jovem foi melhorado, graças às contribuições dos socialistas, resultando numa proposta mais equilibrada do que inicialmente previsto.
Embora a maioria das divergências tenha sido resolvida, Montenegro admitiu que há um ponto que ainda carece de definição: a descida do IRC nos próximos anos. No entanto, o primeiro-ministro esclareceu que essa questão será discutida posteriormente, já que não faz sentido, a seu ver, comprometer o Governo de forma precipitada.
Apesar da incerteza em torno da votação final, Luís Montenegro acredita firmemente que o Orçamento será aprovado, destacando o esforço conjunto entre o Governo e o PS. Contudo, fez questão de frisar que a decisão final sobre o voto do PS será anunciada pelo líder da oposição, Pedro Nuno Santos.
Questionado sobre a possível aprovação do orçamento com o apoio do partido Chega, Montenegro desvalorizou a importância desse cenário, sublinhando que os deputados de Chega já demonstraram múltiplas posições sobre o assunto. O primeiro-ministro foi claro ao afirmar que não houve nem haverá qualquer negociação produtiva com o partido, descrevendo-o como um “catavento” político.
Quanto à continuidade do seu governo, Luís Montenegro assegurou que pretende governar até 2025 e que, a partir desse momento, chamará os partidos políticos para discutir o próximo Orçamento do Estado. O primeiro-ministro também reforçou o seu compromisso com a implementação de reformas estratégicas, principalmente no âmbito da administração pública e da economia, declarando-se como um “reformador” que não governa em função do Parlamento, mas com o objetivo de transformar o país.
Num dos momentos mais marcantes da entrevista, Montenegro afirmou que, após o seu mandato como primeiro-ministro, não ocupará mais nenhum cargo político. Apesar disso, disse sentir-se um político “da cabeça aos pés” e acredita que o país está a perceber o seu estilo de liderança, disposto a correr riscos.
O futuro de Mário Centeno e Luís Marques Mendes
A entrevista também abordou o futuro de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal, embora Montenegro tenha preferido manter em segredo a sua decisão até o fim do mandato. Sobre Luís Marques Mendes, o primeiro-ministro admitiu que o ex-líder do PSD tem o perfil adequado para ser um possível candidato à Presidência da República com o apoio do partido.
Luís Montenegro também expressou o desejo de ver Carlos Moedas como candidato à reeleição para a câmara de Lisboa, afirmando que espera que ele consiga alcançar a maioria nas próximas eleições. No Porto, o processo já está bem encaminhado, mas mais detalhes serão revelados apenas após o congresso do PSD.
A entrevista de Luís Montenegro à SIC ofereceu uma visão ampla sobre os desafios e metas do governo para o futuro próximo, com foco nas reformas internas e na viabilização do Orçamento do Estado. Além disso, proporcionou uma perspetiva clara sobre o posicionamento do primeiro-ministro em relação às figuras políticas de destaque e às coligações eleitorais nas autarquias.
