Em entrevista à DW, o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique afirma que a greve anunciada para 29 de abril é “inadiável” e relata que não há condições mínimas de trabalho.
Osprofissionais de saúde moçambicanos vão iniciar uma nova greve na próxima segunda-feira, dia 29 de abril. Esta paralisação no setor tem como objetivo exigir melhores condições de trabalho e denunciar a falta de material médico e de medicamentos nas unidades de saúde.
“A greve é inadiável“, afirma em entrevista à DW o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave. Este sublinha que, desta vez, os profissionais de saúde não vão ceder a novas propostas do Governo para suspender a paralisação, que será realizada por 30 dias prorrogáveis. Ou seja, agora vão “dialogar em greve”.
A greve estava inicialmente marcada para 28 de março, mas foi suspensa um dia antes, após diálogo com o executivo moçambicano, que chegou a satisfazer algumas das reivindicações da associação. “Infelizmente”, diz a Associação, as condições nas unidades sanitárias “estão piores do que no início do diálogo”.
Anselmo Muchave (AM): Demos maior espaço ao Governo para que pudéssemos expor de forma muito pacífica as nossas reivindicações. Nós, enquanto profissionais de saúde, trabalhamos sem as condições mínimas, inclusive sem material de trabalho. Há profissionais na saúde há 15 anos sem uniforme. Faltam medicamentos, e as camas das unidades de saúde estão em péssimo estado. Desde que iniciámos as nossas reivindicações, a situação deteriorou-se.
África: Ou seja, os hospitais estão agora numa situação pior do que quando a Associação iniciou o diálogo com o governo?
Claramente. Isso prova-nos que há falta de interesse em resolver as preocupações do povo. São eles que mais sofrem. A população não tem dinheiro, falta medicamento, e a doença não espera, levando a pessoa a morrer. Não há reagentes nem um simples hemograma disponível. Falta gesso nas unidades sanitárias. Como podemos resolver um problema que o Governo adia desde dezembro do ano passado? Suspendemos a greve anterior para mostrar ao mundo que não queremos isto, mas não podemos ignorar o sofrimento do povo.