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HomeECONOMIAAngola solicita maior assistência técnica às instituições de Bretton Woods

Angola solicita maior assistência técnica às instituições de Bretton Woods

A Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, considera positivos os resultados da prestação de Angola durante as Reuniões de Primavera que tiveram lugar de 15 a 21 de Abril, em Washington D.C, nos Estados Unidos da América.

Ao fazer o balanço do evento, Vera Daves de Sousa afirmou que foi uma semana bastante produtiva e que, ao longo deste tempo, a Delegação participou em cerca de oitenta encontros, entre eles, bilaterais, reuniões estatutárias, eventos públicos e institucionais.

A Ministra das Finanças partilhou que estes encontros representam um passo importante, uma vez que no domínio das infra-estruturas foram lançadas as bases para que Angola beneficie de financiamento concessional e semi-concessional, e a MIGA (sigla em inglês da Agência Multilateral de Garantia de Investimento), que integra o Grupo Banco Mundial, possa entrar como garante, o que ajudaria a reduzir os custos de financiamento.

A Delegação solicitou à Corporação Financeira Internacional (IFC) maior cobertura em termos de assistência técnica, consultoria e formação para uma posição em que mais activamente se mobilizem investidores para o mercado angolano. Durante o encontro com a IFC a parte angolana apresentou ainda o potencial do Corredor do Lobito como ponto de partida, sem descurar o potencial no agronegócio, turismo e as parcerias público-privadas no sector de energia e águas.

“Desafiámos a IFC a ser mais agressiva e ousada naquela que é a sua actuação no mercado angolano, ao que o Vice-presidente prontamente respondeu de forma favorável, tendo adiantado que prevê ter um representante focado apenas para Angola, sem partilhar a atenção com países vizinhos de dimensão similar a de Angola”, aclarou.

Relativamente ao FMI, avançou que o diálogo esteve centrado no domínio da assistência técnica.

“Com o MINFIN, o trabalho estará focado na melhoria das nossas estatísticas, da contabilidade pública e também na capacitação das nossas equipas no que diz respeito à gestão de tesouraria. No que ao Banco Nacional diz respeito, o trabalho será calibrar as metas de inflação e a forma como a política monetária se desenrola. Os especialistas do FMI vão continuar a apoiar o BNA neste processo, e propuseram-se a fazer uma avaliação, em 2025, aos três pilares do sistema financeiro, que envolvem a banca, seguros e fundos de pensões, e ainda o mercado de capitais, para vermos como é que este sistema se pode tornar ainda mais resiliente”, sublinhou.

Foram igualmente debatidas formas de geração de maior liquidez para os países africanos e avaliadas formas eficazes de estes mesmos países endereçarem os serviços de dívida, assim como discutidos os modelos de desenvolvimento económico necessários para que as economias possam crescer e para que as soluções neste quesito não sejam apenas mitigantes, mas que se possa, progressivamente, sair da “armadilha” do subdesenvolvimento.

De acordo com a Chefe da Delegação Angolana, um dos temas amplamente abordado durante os vários encontros foi o da representatividade e da voz africana, em particular no FMI, onde o Continente, mais propriamente na região Subsaariana, augura aumentar o número de representantes no Conselho de Administração.

Partilhou igualmente que o Presidente do Banco Mundial se focou muito em torno do aumento do nível de electrificação em África, como factor imprescindível para o desenvolvimento.

“Naturalmente, capitalizámos este compromisso por parte do Presidente do Banco Mundial, e nas reuniões mantidas, tanto com a Vice-presidente regional para a África Oriental e Austral, Victoria Kwakwa, como com o Vice-presidente para operações da MIGA, Junaid Ahmad, referimos o nosso interesse para uma abordagem holística por parte do GBM, para que, quer no subsector de energia, quer no subsector de águas, se possa não apenas mobilizar financiamento para o Estado, mas também para investidores privados que queiram levar a cabo iniciativas para, por exemplo ajudar Angola a exportar electricidade para os países vizinhos”, destacou.

A Ministra das Finanças advoga ser este o momento ideal para que o País se posicione através de investimentos públicos, parcerias público-privadas ou investimento puramente privado, para que se possa tirar partido desta disponibilidade de produção de energia que Angola tem alcançando.

Esclareceu, por outro lado, que a Delegação manteve também uma reunião produtiva com a Agência Internacional para a Cooperação do Japão (JICA), que se manifestou disponível para financiar a linha de transmissão Lubango-Moçâmedes, o que considerou tratar-se de um passo importante para o aumento da capacidade de produção, transporte e posteriormente de distribuição.

“Participámos também num encontro com a Vice-presidente para o Capital Humano do Banco Mundial. É conhecida a situação de Angola relativamente aos indicadores sociais, quer com relação ao acesso à educação primária e secundária, quer em relação aos índices de desnutrição, quer, também, com relação ao trabalho que ainda tem de ser feito nos sectores primário e secundário do ponto de vista de acesso à saúde, e junto reflectimos o que podemos fazer para que continuamente estes indicadores possam ser melhorados”, esclareceu.

Em termos gerais, Vera Daves de Sousa garantiu que os trabalhos continuarão, para que se concretize tudo aquilo que foi alinhavado durante estas Reuniões de primavera.

“Esperamos receber em Angola, ainda este ano, os Vice-presidentes da MIGA e da IFC para a prossecução de muitos dos pontos acordados. Em reuniões virtuais vamos continuar a seguir a criação de mais uma posição junto da Constituência do FMI e a defender a posição de Angola”, concluiu.

Recorde-se que Angola é membro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional desde 1989 e, nos últimos anos, tem vindo a cimentar a sua relação tendo em vista a promoção do crescimento económico do país.