Investigações recentes revelam que o ataque perpetrado contra uma caravana da UNITA, o principal partido da oposição em Angola, na última sexta-feira, 13 de abril de 2024, na província do Cuando Cubango, entre Longa e Cuíto Cuanavale, foi motivado por tensões tribais. Segundo relatos, o governador provincial, José Martins, foi previamente informado sobre o ataque, mas não tomou medidas para desmobilizar o grupo agressor.

Fonte: Club-k.net

A notícia surgiu quando se soube que a província receberia uma delegação parlamentar da UNITA. Ativistas do MPLA no município do Cuito Cuanavale informaram o governador que um grupo da etnia Nganguela se oporia à presença de membros do maior partido de oposição no nesta localidade.

Já em finais de 2021, os Nganguelas, a terceira maior etnia da província, exerceram pressão para a exoneração do ex-governador Júlio Marcelino Vieira Bessa, exigindo que um membro de sua etnia, José Martins assumisse o cargo. Desde que assumiu o poder, José Martins priorizou membros da sua etnia, nomeando Daniel Bimbi Alfredo como administrador de Cuito Cuanavale e Joaquim Assureira para funções similares no município do Cuchi. A mensagem propagada é de que os Nganguelas estão no comando.

Na quarta-feira passada, foram impressos panfletos proibindo a presença da UNITA na região devido à morte no passado de um Nganguela, Martins Chinoia, pai do governador provincial, que fora morto pela guerrilha de Jonas Savimbi. Na sexta-feira, quando a caravana de deputados da UNITA viajava entre Longa e Cuíto Cuanavale, alguns manifestantes bloquearam a estrada com batuques, resultando em hostilidades que deixaram várias pessoas feridas, incluindo uma senhora do MPLA. Durante a fuga, um membro da UNITA caiu do veículo, sendo levado a um hospital para tratamento, levando a especulações de que teria sido linchado pelos agressores até a morte. O ferido foi poupado quando os populares perceberam sua etnia Nganguela.

Embora o ataque pareça ter sido motivado por tensões tribais, e não por orientações partidárias, é notável que o governador tinha conhecimento prévio do linchamento planejado e não tomou medidas para impedir seus correligionários.

Antes da caravana, o Presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, comunicou à Presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, sobre as jornadas planejadas, enviando inclusive o programa das atividades. Carolina Cerqueira, no entanto, terá ignorado a comunicação, não informando os governos provinciais. Fontes da UNITA destacam que a falta de resposta coordenada das autoridades provinciais sugere uma orientação superior para evitar a participação da UNITA nas jornadas.