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Sudão, a guerra esquecida que fez dez milhões de deslocados e refugiados

Infelizmente, existe uma classificação gelada das áreas de conflito em nível planetário: guerras de série A e guerras de série B. Um engano instigado pelo sistema da grande mídia, segundo o qual algumas áreas do planeta são cobertas pela imprensa internacional, enquanto outras acabam sendo esquecidas. Emblemático é o caso do Sudão, onde, após quase dez meses de combates, todas as tentativas de mediação fracassaram, resultando na radicalização das posições entre os lados opostos, apoiados por potências estrangeiras. No entanto, estamos falando de um conflito que gerou o maior número de pessoas deslocadas internamente no mundo, mais de 11 milhões; enquanto há mais de 3 milhões de refugiados, espalhados no Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Etiópia e Eritreia.

De acordo com a ONU, metade da população sudanesa – cerca de 25 milhões de pessoas – precisa de assistência humanitária e proteção. Fontes bem informadas da sociedade civil denunciam a escalada das tensões entre os dois principais antagonistas, o general Abdel Fattah al-Burhan, chefe da junta militar e chefe do estado-maior do exército regular (Saf), e o general Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido pelo apelido de Hemeti, comandante das Forças de Apoio Rápido (Rsf), a milícia associada ao poder até a eclosão da guerra civil.

Como se isso não bastasse, o espectro da fragmentação por motivos étnicos está surgindo, com o risco de infiltração de jihadistas. De fato, outras formações rebeldes entraram em campo. Além dos dois principais concorrentes, há combatentes do SLA (Exército de Libertação do Sudão) de Abdel Waid al-Nur, que tem suas fortalezas em Jebel Marra, em Darfur, e do Splm-N (Movimento Popular para a Libertação do Sudão-Norte), que tem suas bases operacionais nas Montanhas Nuba, no sul de Kordofan, e que também atua no Estado do Nilo Azul.

Conforme apontado por Suliman Baldo, fundador e presidente da organização Sudan transparency and policy tracker, especialista em direitos humanos e resolução de conflitos na África, a proliferação de conflitos no país, fora do controle de ambos os lados, ou seja, do exército regular (Saf) e da RSF, é cada vez mais evidente. Em particular, são relatados vários confrontos localizados e de conotação étnica, atestando um crescente estado de anarquia em várias áreas geográficas do Sudão.

Um relatório de 47 páginas elaborado por um grupo de cinco pesquisadores nomeados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que circulou em meados do mês passado, detalha a dinâmica do conflito, particularmente na vasta região ocidental de Darfur, onde o embargo de armas foi violado por países terceiros que supostamente forneceram armas às Forças de Apoio Rápido Hemeti.

O documento menciona voos de carga de Eau à cidade de Amdjaras, no leste do Chade. De lá, fontes locais informaram que armas e munições foram carregadas em caminhões e transferidas para Darfur em pequenos comboios, para serem entregues à RSF.

O relatório também estima que o número de mortos da limpeza étnica que ocorreu em abril do ano passado em El Geneina seria entre 10.000 e 15.000, maior do que as estimativas anteriores. Se esses números forem precisos, eles excederão os do massacre de Srebrenica em 1995, lembrado como o pior assassinato em massa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Como se isso não bastasse, em 24 de janeiro, a agência de notícias estadunidense Bloomberg, citando fontes bem informadas, divulgou a notícia de que o governo iraniano forneceria drones de combate ao exército regular sudanês, após a retomada das relações diplomáticas entre os dois países em outubro do ano passado.

A essa narrativa deve ser acrescentado outro fato desanimador. Recentemente, o “Kyiv Post” publicou um vídeo exclusivo mostrando membros das forças especiais ucranianas interrogando mercenários do grupo Wagner, capturados no país africano.

A filmagem mostra operadores de forças especiais do grupo de batalha Timur, parte da Direção de Inteligência Militar da Ucrânia (Gur), examinando um veículo militar crivado de tiros de Wagner. Esse vídeo confirmaria um relatório de julho passado do fórum de defesa africano, um periódico do comando africano das forças armadas dos EUA (Africom), que afirmava que o grupo de Wagner havia treinado os milicianos da Rsf, fornecendo a eles material de guerra através da fronteira com a Líbia. Nesse contexto, cada vez mais marcado pela internacionalização do conflito, é evidente a incapacidade da diplomacia regional e internacional de encontrar o caminho para levar as partes em conflito a negociar de maneira séria.