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sindicalistas angolanos vão a julgamento por aderirem à greve geral da função pública

Três dos quatro sindicalistas angolanos detidos nesta quarta-feira 20 de Março vão hoje a julgamento sumário por alegadamente aderirem à greve geral dos funcionários públicos. Apesar disso, as centrais avisam que não temem as ameaças e detenções, argumentando que se trata de um procedimento que “a tutela sempre utilizou para amedrontar os trabalhadores”.

Fonte: rfi

O primeiro dos três dias de greve geral na função pública em Angola foi marcado pela detenção de alguns trabalhadores nas províncias do Bengo e Huambo por supostamente reivindicarem o aumento do salário mínimo para 100 mil kwanzas (110 euros), em vez dos actuais 32 mil kwanzas (36 euros).

A Força Sindical, a Confederação Sindical (UNTA) e a Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSSILA), dizem que, apesar do turbilhão criado por alguns gestores públicos e pela polícia nacional, o balanço do primeiro dia dos protestos é positivo, conforme disse Admar Jinguma, do Sinprof.

“O balanço que se pode fazer no primeiro dia de greve é um abalanço deveras positivo. Os trabalhadores aderiram em massa a este primeiro dia de greve geral em todos os sectores, sobretudo a nível da administração pública. Portanto, nós tivemos um nível de adesão de greve já mais visto. Era importante que o governo olhasse para este nível de adesão em massa com olhos de ver”, disse o sindicalista.

Nesta ‘troca de mimos’ entre os grevistas e a tutela, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores Angolanos, Admar Jinguma, denuncia a detenção de um enfermeiro na província do Bengo e de três sindicalistas no Huambo, que vão, nesta quinta-feira, a julgamento sumário, devido à greve.

“Nós tivemos o relato da detenção de quatro colegas nossos, um enfermeiro na província do Bengo, norte de Angola, e três na província do Huambo. Esses colegas, apesar das diligências que foram feitas, vão a julgamento sumário hoje no Huambo”, sublinhou Admar Jingma, um dos porta-vozes das centrais sindicais.

O movimento sindical assegura que já constituiu uma equipa de advogados que está acompanhar todo o processo de alguns sindicalistas detidos na quarta-feira e acusa a polícia de ter violado o direito à greve dos trabalhadores.

“Temos já uma equipa de advogados preparada para o efeito, no sentido de fazer a defesa dos nossos colegas do Huambo, região central de Angola. Aliás, estamos aqui diante uma violação grosseira da lei”, desabafou o sindicalista Admar Jingma.

Recorde-se que o caderno reivindicativo dos grevistas, apresentado ao governo em Setembro do ano passado, abrange nomeadamente um aumento do salário mínimo nacional e a diminuição do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho. Pontos que até agora, segundo os sindicatos, não obtiveram uma resposta satisfatória por parte do executivo.

De acordo com o calendário definido pelos sindicatos, a greve pode decorrer em três fases, sendo que o primeiro período termina esta sexta-feira. Na ausência de progressos nas negociações com o governo, a greve poderia retomar entre 22 e 30 de Abril e ainda entre os dias 3 e 14 de Junho.