Arrancou hoje uma greve geral de três dias na função pública, convocada pelas três centrais sindicais de Angola. “A paralisação vale a pena. O nosso objetivo é lutar por um ensino digno”, diz professor de Cabinda.
Fonte: DW
Os grevistas exigem aumentos salariais e a redução do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho (IRT). Esta é a primeira de três fases previstas de paralisação. A primeira fase dura três dias, prevê-se que a segunda demore 7 e a última 11 dias.
Os sindicatos exigem, entre outros pontos, um aumento do salário mínimo para 245 mil kwanzas (cerca de 268 euros) contra os 32 mil kwanzas atuais (35 euros). O Governo disse estar aberto ao diálogo, mas não voltou a chamar as centrais sindicais para tentar chegar a um acordo.
Quivanga Lenda, professor de Matemática colocado no município de Buco-Zau, na província de Cabinda, disse à DW África que há “mil razões” para aderir à paralisação, que começou esta quarta-feira.
“A greve vale a pena. Do jeito que o país está, não se vai viver folgado por que a situação social aperta a cada dia que passa. O nosso objetivo é lutar por um ensino digno”, destaca o docente.
Funcionários públicos angolanos exigem, entre outros pontos, a redução do Imposto sobre o Rendimento de Trabalho (IRT).
A greve foi convocada pela Força Sindical, a União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA).
Os médicos, por exemplo, preveem uma adesão de 50%, ao passo que o Sindicato Nacional dos Professores, filiado na CGSILA, garante que a adesão dos seus membros será de 100%.
Em Cabinda, algumas direções das escolas alegaram que não havia razões para os professores aderirem à greve, uma vez que decorrem as provas trimestrais.
No entanto, para prevenir, a secretaria provincial divulgou uma nota dando conta que as provas nas escolas públicas devem fazer uma pausa para respeitar os três dias da paralisação, retomando na próxima semana.
Para o economista Alberto Lello, a reclamação das três centrais sindicais é justa, tendo em conta a inflação crescente e a perda de poder de compra dos cidadãos.
“O poder de compra do pacato cidadão vai-se diluindo ao ponto de muitos funcionários não conseguirem mais sobreviver com os 32 mil kwanzas do salário mínimo. Por isso, o Governo deve rever a qualidade da despesa pública bem como as suas “, alega.
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As três centrais sindicais esclarecem que esta greve se deve exclusivamente à falta de “respostas plausíveis” do Governo às preocupações dos trabalhadores em seis rondas negociais, desde dezembro passado.
“Aproveitamos a oportunidade para apelar aos funcionários que estão céticos de que a greve não é vontade do sindicato, mas é por falta de consenso com o Executivo, por isso somos forçados a efetivar”, frisa Francisco Sense, representante das centrais em Cabinda.
Mas Esteves Hilário, porta-voz do partido no Governo, o MPLA, disse aos jornalistas que, por mais legítimas que sejam as reivindicações dos trabalhadores, não se pode pôr em risco as contas públicas: “O Bureau Político do Comité Central do MPLA exorta assim as centrais sindicais a privilegiarem o diálogo como forma de resolução dos pontos divergentes do caderno reivindicativo, voltando à mesa de negociações.”
A ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social de Angola, Teresa Dias, afirmou na semana passada que o Governo continua aberto para negociar com as centrais sindicais.