O MPLA é (para muitos) o que sempre deu. E continua a dar. Por isso tem sido tomado de assalto por um determinado segmento da juventude (e não só) que estima (com razão) que o partido no poder ainda exerce o papel de “Estado-Providência” como no passado: providencia casa, carro, emprego e, em alguns casos, até consorte. O contributo desta juventude tem sido (quase) nulo. Não tem dignificado a marca MPLA. O partido no poder tem um número considerável de jovens nas suas fileiras. Mas nem com isso se tem conseguido livrar do seu “sebastianismo”.
Fonte: Club-k.net
Aos jovens “entrincheirados” no MPLA (mais por razões econômicas e sociais do que ideológicas), falta-lhes de tudo um pouco: ética, moral, “traquejo social”, arte, imaginação, engenho e arrojo. São, grosso modo, intelectualmente anêmicos e socialmente anômicos para não dizer “cazukuteiros”. E muitos deles vêm ou estão comprovadamente ligados ao submundo. É só olhar com olhos de ver para a trajectória de alguns camaradas, com destaque para as dos que dão (má) fama ao Comitê Provincial do Partido em Luanda (CPPL). E ainda assim, para a direção do MPLA está tudo bem. Está tudo certo.
Ser do MPLA hoje (para muitos) é, indubitavelmente, uma questão de grosseiro oportunismo. É uma forma que alguns (mas quase todos) encontraram de contornar obstáculos sistêmicos intransponíveis sem a exibição do cartão de militante. Ser do MPLA é, convenhamos, sinônimo de imunidade e de impunidade.
Os jovens angolanos (repito: alguns, mas quase todos) têm no MPLA um trampolim. O MPLA é, para eles, uma prancha elástica que viabiliza o salto para cargos no aparelho do Governo ou do Estado. Mesmo que não tenham pergaminhos e predicados para o exercício do cargo. Basta ser do MPLA. A competência, esta, fica para depois. Ser alçado para um cargo no aparelho do Governo ou do Estado – com a chancela do MPLA – é o mesmo que beneficiar de um “laissez-passer” para se servir à grande e à angolana.
O MPLA de hoje é pela quantidade e avesso à qualidade. Aceita tudo e todos. Com ou sem prestígio. O MPLA tem as suas portas escancaradas para fazer número. Os dados estatísticos são mais importante que resolver os problemas que afligem os cidadãos.
Por isso é que hoje o MPLA tem mais cabeças que cérebros. O pior é que muitos não escondem que só lá estão por uma questão de puro e duro oportunismo. O MPLA tem muita gente no seu seio que, na verdade, está lá; mas não está com ele. Gente que o dia que o MPLA não mais estiver no poder, vai abandoná-lo do mesmo jeito que, despudoradamente, abandonou o seu presidente emérito.